Na quitanda
do Mario Quintana comprei um poema, e dos bons, desses que falam de esperança.
Ele vem me alimentando até os dias de hoje, sei-o de cor, e, às vezes,
transformo-me paulatinamente no desespero da louca de quem o poema fala –
principalmente quando encontro-me triste, porém fascinado, com a tristeza e
fascinação da vida.
Agora, ao
escrever essas palavras, sinto-me como se estivesse no mesmo décimo segundo do andar
do Ano descrito no poema, e também me atiro por uma sacada qualquer em direção
a alguma coisa que não sei bem o que é, e sinto o quão delicioso é este vou em
que vou, porque também penso já ter escutado todas as sirenas e todas as
buzinas e todos os reco-recos.
E lá
embaixo, também sou encontrado miraculosamente incólume na calçada, e,
novamente, mais uma vez criança... E as pessoas, à minha volta, indagam minha
existência:
– Quem és
tu, meninozinho de olhos verdes?
E eu lhes respondo,
devagarzinho, para que jamais se esqueçam:
– Meu nome é
ES-PE-RAN-ÇA.
Tenho a consciência
de que possuo olhos castanhos, mas agora, nessa hora, as palavras os pintaram
de verde, mas não um verde comum: é verde cor-de-esperança. Tenho a
racionalidade de que nem todos são capazes de compreender tal mágica oftalmálgica,
entretanto não questiono a gestalt alheia,
pois os que conseguem vislumbrar-me pelo poema de Quintana, sabem do que estou falando...
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