quinta-feira, 12 de abril de 2012

ESPERANÇA SEGUNDO QUINTANA


Na quitanda do Mario Quintana comprei um poema, e dos bons, desses que falam de esperança. Ele vem me alimentando até os dias de hoje, sei-o de cor, e, às vezes, transformo-me paulatinamente no desespero da louca de quem o poema fala – principalmente quando encontro-me triste, porém fascinado, com a tristeza e fascinação da vida.
Agora, ao escrever essas palavras, sinto-me como se estivesse no mesmo décimo segundo do andar do Ano descrito no poema, e também me atiro por uma sacada qualquer em direção a alguma coisa que não sei bem o que é, e sinto o quão delicioso é este vou em que vou, porque também penso já ter escutado todas as sirenas e todas as buzinas e todos os reco-recos.
E lá embaixo, também sou encontrado miraculosamente incólume na calçada, e, novamente, mais uma vez criança... E as pessoas, à minha volta, indagam minha existência:
– Quem és tu, meninozinho de olhos verdes?
E eu lhes respondo, devagarzinho, para que jamais se esqueçam:
– Meu nome é ES-PE-RAN-ÇA.
Tenho a consciência de que possuo olhos castanhos, mas agora, nessa hora, as palavras os pintaram de verde, mas não um verde comum: é verde cor-de-esperança. Tenho a racionalidade de que nem todos são capazes de compreender tal mágica oftalmálgica, entretanto não questiono a gestalt alheia, pois os que conseguem vislumbrar-me pelo poema de Quintana, sabem do que estou falando...

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