Aqueles que etnocentricamente se autoproclamaram como
"classe intelectual e produtiva" são os mesmos que num discurso
perpassado de ódio, poder e dominação buscam condenar os demais à ignorância e
a improdutividade, posto que se há uma "classe intelectual" é porque
se pressupõe que haja, também, uma "classe néscia" (em todos os
sentidos da palavra: sem discernimento, desprovida de conhecimento, estúpida,
ignorante, incompetente, inepta e incapaz).
Diante disso, indago: o que vocês entendem por intelectualidade?
O que leem? O que escrevem? Produzem conhecimento científico reconhecido,
autorizado e legitimado pelos pares-concorrentes do campo (para usar uma
expressão do Bourdieu)? E, por fim, pergunto: o que difere o discurso
"intelectual" de vós do discurso fascista?
O "fazer ciência", oh elite catedrática e
laboriosa, pressupõe o "abandono" (pelo menos parcial) de prenoções e
preconceitos, o que, no entanto, não reflete na "produção discursiva
pseudocientífica" de vocês.
No que compete à figura da presidenta Dilma, recém eleita
legitimamente pelo sistema democrático burguês, não lhes é pedido que a estimem
muito menos que se orgulhem dela, contudo, como estamos diante de uma classe
"naturalmente" intelectual, portadora de um capital cultural prestigiado
e outorgado como o padrão a ser seguido, espera-se, no mínimo, ponderação, bom
senso, respeito e educação. Ou é pedir demais?
Por fim, reporto-me pontualmente aos proto-burgueses (ou os
que assim se veem) reacionários (desculpem-me a redundância) que estão disseminando
discursos como o anexado abaixo: fascistas, fascistas não passarão!