terça-feira, 20 de novembro de 2012

ÉRAMOS QUATRO

Éramos quatro. Como podem duas míseras palavras pesar tanto? Não sei. O que sei é que éramos quatro, e formávamos uma espécie de quarteto acadêmico fantástico: Jéssica, a Alice anarquista; Jordana, a versão feminina do Johnny Depp; Cátia com “C”, a Gadú romerobritana; e, por fim, eu, o bebê da mamãe saramaguiano.

Bem..., na semana passada foram eliminadas duas integrantes do BBB CEU Ottawa: a Jé e a Jô. Ontem, para dilacerar ainda mais o meu pobre coração partido, foi a vez de a Catita dar adeus ao sonho de ler um milhão de livros, e assim, restou apenas eu... Ganhei o jogo? Não, ganhamos! Vamos à premiação...

A Alice me ensinou uma porção de coisas incríveis, entre elas preparar um coquetel molotov, a ideologia de Bakunin, as ideias de Lenin, Bourdieu, a filosofia da astronomia, as “lendas urbano-científicas” da região do Triângulo das Bermudas, a como me posicionar diante de um colóquio, a comemorar os infortúnios da vida e, o mais importante, a maior descoberta histórico-geográfica do milênio: ela achou Atlântida! Sim, a Atlântida, o continente perdido – heureca!

Nota de rodapé: eu estava ao lado dela no exato momento do achado continental, e só eu, apenas eu, dei crédito a sua descoberta milenar, bem como apoio psicológico a mais nova pedagoga-geográfica, pois, acredite: a Jô, no presente momento da descoberta, estava tirando fotos para a posteridade (a expressão “tirar fotos para a posteridade” ela aprendeu com o Che Guevara, no filme “Diarios de Motocicleta”), e a Cátia com “C”, com o seu senso de realidade estonteante, estava construindo um painel gigantesco (clique aqui para vê-lo) para a Escola da Família, tendo ainda a audácia de dizer, rindo, o que é pior, RINDO da pobre Jéssica: “filhinha, acorda, é só uma área submergida!”. Quase que as duas ingratas, Jordana e Cátia com “C”, demoveram a Alice da sua descoberta, mas as provas que ela dispõe são concretas e muito em breve as apresentará à humanidade, por hora segue com a parte burocrática de patenteação e demarcação territorial.

A Jéssica ainda me ensinou algo genial: a capital da Argentina não é Buenos Aires, como eu acreditava até certo tempo. Claro que não, nunca foi! Na verdade, é a fóvea. Sim, a fóvea! E lá, quer faça sol, quer faça chuva, sempre faz 15º.

Devo ainda relatar que, no que diz respeito ao meu “preateísmo”, a Jéssica tem uma parcela de culpa incomensurável, embora eu admita que o Saramago já vinha abrindo os meus olhos a algum tempo. Contudo, ressalto que ainda há muito mais coisas a aprender com ela, como, por exemplo, cantar o Hino da Rússia, em russo, claro!

No que tange à Jordana, esta, por sua vez, ensinou-me muitas coisas engraçadas, mas utilitárias: aprendi que se uma pessoa estiver entrando em coma alcoólico, tenho duas alternativas para socorrê-la: ou eu aplico a técnica do Yakult – infalível! – ou a terapia do banho com água gelada – esta é bem popular, por sinal, mas a Jô me ensinou a aperfeiçoá-la e jamais ceder aos pedidos de um bêbado, mesmo que este seja o meu melhor amigo.

Ensinou-me, também, a ter mais coragem, muita coragem, até porque para chamar um PM de fascista é necessário de duas, uma: ou ser corajoso ao extremo, o que pode ter implicações posteriores, ou possuir diagnóstico de esquizofrenia – no caso dela, só falta o laudo, risos.

Aprendi com ela, bem como também com a Jé, as técnicas essenciais – desnecessário dizer que imprescindíveis – de um bom e verdadeiro grevista, como confeccionar cartazes, fazer o CIL de ateliê, marchar durante horas, gritar em Brasília, quebrar muros, queimar barricadas, invadir a diretoria, ocupar o campus, pichar muros, chamar o reitor de incompetente, enfim, essas coisas básicas e singelas consequentes da experiência direta e ativa nas mais importantes greves universitárias nacionais.

Com a Cátia com “C” eu aprendi a cantar “Volevo un gatto nero”, “Tutto non fa te”, “Ti dico ciao”, “Speranza”...

Aprendi que ser flexível, na vida e no trabalho, às vezes é necessário; aprendi a fazer origamis, flores de papel crepom, desenhos vários... Aprendi que você pode melhorar sua didática em 3, 2, 1, já!

A Catita me ensinou os três passos para reconhecer um “muleke piranha”, e também me ensinou a rimar mesóclise com Camila, a “florir” relatórios de estágio, a gostar dos Piratas do Caribe e a produzir cartilhas alfabéticas em LIBRAS.

E o que ensinei a elas? Não sei, mas acho que conseguiram absorver alguma coisa de alfabetização, alguns conceitos básicos de neurociência (a caixinha das letras), método fônico, Capovilla, Instituto Alfa e Beto, Stanislas Dehaene, Newton Duarte, a sedução do discurso construtivista, minha postura “tradicional” e tantas outras coisas que não me recordo agora.

Aprenderam ainda, e isso é muito importante, que não se deve subestimar as mães, principalmente quando sorrimos para elas com dentes vampirescos (risos).

Sinto falta delas, mas sei que estão bem: a Alice provavelmente deve estar à procura do coelho branco, e já consigo até imaginar as suas bolsinhas salivais no momento em que ela o encontrar; A Jô, pós-modernismo em pessoa, ou, em suas próprias palavras, fenômeno contemporâneo, deve estar treinando uns novos passinhos de dança para competir com os seus amigos “psyleiros”; a Cátia com “C” possivelmente pode estar enfeitando sua árvore de natal gigante, com flocos de neve (CLARO!), e pensando em um novo trabalho (ÓBVIO!).

Sinto falta da Gadú, principalmente quando a Rita surge na porta, com seu sorriso macabro, afinal ela me fazia companhia quando a mãe da Otáwia (eu nunca vou me esquecer do dia em que a Rita “adotou” a pequena Otáwia) começava a nos contar as suas odisseias incríveis, incluindo os mistérios da Bolha (bolhas, bolhas, voltem, bolhas! Minhas bolhas!).

Na verdade, tudo o que aprendi se resume em poucas palavras, ei-las aqui presentes: AS PESSOAS SÃO UM LEQUE DE SURPRESAS.









14 de novembro de 2012                  

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

VASO VAZIO


NÃO                                NEGO
SINTO SAUDADES DE VOCÊ
SAUDADES SINTO
SINTO SAUDADES
SAUDADE DO TEU BEIJO
SAUDADE DO TEU DESEJO
SAUDADE DO TEU CALOR
SAUDADE DO TEU AMOR
DOS NOSSOS AMASSOS
DOS TEUS ABRAÇOS
SAUDADE QUE DÓI
E QUE MACHUCA
PORÉM AMIGO
NÃO MATA

terça-feira, 6 de novembro de 2012

SOBRE A MINHA SINCERA LOUCURA


As pessoas geralmente confundem loucura com sinceridade, se bem que ambas estão bem grudadas entre si, como gêmeas siamesas. Partindo desse pressuposto, para usar uma palavra mais acadêmica (a Cátia quem diga), concluo que devo mesmo ser louco, mas é uma loucura tão doce, mais tão doce, que chego a fazer careta...  

VERMELHO BRASILEIRO


Como pode uma bandeira verde, amarela e azul ser pintada com o vermelho?  

SOBRE A MINHA (DES)CRENÇA


Acredito no homem e busco o bem. Só. Se Deus é, mesmo que em sua essência divina, humano e benigno, creio n’Ele e reconheço sua suposta onipotência; caso contrário, afastem de mim essa pegajosa projeção do inconsciente.  

LIBERDADE CAPITALISTA


O homem é livre. O neoliberalismo é mais livre ainda.  

ESCREVER


Escrever é falar de si próprio por meio de personagens. É não ter sexo, só alma.  

MACHISMO

Cansei de ser a sua gracinha,
De ser o seu bebê,
Criança ou menino.
Cansei de ser o seu pequeno,
De ser o seu príncipe,
Rei ou anjinho.
Olha, quando vieres novamente,
Porque sei que você sempre vem,
Deixe atrás da porta, por gentileza,
O seu machismo camuflado de discrição,
E seja macho a ponto de me ver,
Pelo menos uma vez na vida,
Como um macho também.