terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

RETRATAÇÃO


“E quem pode comigo quando falo tudo o que penso?”
Caio Fernando Abreu

“Quem pensa por si mesmo é livre,
e ser livre é coisa muito séria.”
Renato Russo

Bem..., aqui estou eu para me... Redimir? Nem em sonho! Para me retratar, talvez – se é que realmente preciso. Precisando ou não, o fato é que, primeiramente, gostaria de começar pedindo desculpa a todos os professores que se sentiram ofendidos com minhas críticas à Empresa “Anhanguera” – vixe!, se minha mãe me pega falando esse palavrão (pesquisem no dicionário o significado dessa palavra)... Peço desculpa, sim, mas não por me considerar errado – não, nem um pouco! –, mas por não ter sido suficientemente claro a ponto de fazer-lhes compreender minha confusa analogia – porém mais confusa que ela é o construtivismo, e vocês o compreende, ou pelo menos se dizem compreendê-lo.
Quero que vocês saibam que em momento algum, pelo menos conscientemente, eu quis ofender o corpo docente dessa tão conceituada instituição. Quero pedir desculpa, em especial, à professora Dra. Cláudia Sampaio (a quem prezo muito) e a professora Camila Rocha (que tem se mostrado tão cortês para comigo), pois mandei a crônica justamente em seus respectivos emails, e pelo que soube, elas ficaram “chateadas” com o que eu disse. Contudo, devo salientar que meu objetivo, ao dizer que os professores estavam dentro de jaulas, não era chamá-los de animais (isso até uma criança na fase fálica, ou no nível pré-silábico, sabe distinguir muito bem), mas sim que eles estão, com todo o perdão da palavra, alienados ao “sistema”. Em momento algum eu duvidei da capacidade intelectual do corpo docente, até porque muitos já provaram que são comprometidos e dominam a disciplina e os conteúdos – e os animais, convenhamos, não possuem telencéfalo altamente desenvolvido.
Quero pedir desculpas, também, ao coordenador do curso de Pedagogia por ter causado tal “alvoroço” (se é que posso usar essa palavra), entretanto continuo com a minha opinião pré-formada até que a faculdade mostre realmente “o meu esforço ganhando força”; quero agradecê-lo, ainda, pela sala climatizada que o senhor conseguiu para o 5º A matutino e também pela suas palavras pedagogicamente sinceras: saiba que jamais as esquecerei.
Quanto à pessoa que teve a gentileza de imprimir o meu texto e entregá-lo pessoalmente nas mãos do coordenador, quero dizer que quando o postei em meu blog, fiz sem nenhum temor do que posteriormente poderia me acontecer. Todavia devo admitir, ainda, que jamais cogitei a ideia de estar em volta de uma pessoa com tal competência quanto a sua, saiba ainda que eu fui chamado, pela coordenação da própria faculdade, para escrever artigos científicos e publicá-los em nome da instituição, mas a ausência de otimismo em minhas palavras não me permite tal feitio – sou tão prepotente, crítico e negativista! Ah!, e só para não esquecer, siga, se puder, o conselho de Renato Russo e “não confunda ética com éter”.
Quanto às pessoas que comentaram, em meu blog, o texto em questão, agradeço, de todo o meu coração, a sinceridade e o carinho demonstrados, saibam que por vocês valeu a pena ficar cinquenta e quatro minutos dentro da coordenação – ah!, e tinha até balinha, mas o assunto que tratamos já estava demasiadamente açucarado.
Por fim, quero dizer que eu já desconfiava que a Anhanguera tivesse comprado também a minha voz, mas até o presente momento ainda não sabia que as minhas mãos iam de brinde no pacote. Enquanto ainda as possuo grudadas em meus antebraços, escreverei. E não se esqueçam: O BLOG É MEU!
Nada mais a declarar.


Obs.: Confira aqui a reportagem que o Jornal do Parlamento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) fez a respeito da demi$$ão de professores do Grupo de Faculdades Particulares Anhanguera.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

OSCAR 2012


Oh, my God, é hoje! É hoje que talvez eu ganhe as cinco estatuetas do Oscar para qual fui indicado: categorias Sinceridade, Criticidade, Complacência, Resiliência e Ingenuidade. E você, meu bem, se prepare e capriche no look, porque na categoria Hipocrisia, nem o construtivismo e nem os políticos ganharão, esse ano, de você.

COTIDIANO


Hoje eu acordei meio Cazuza: bem exagerado, mesmo. Trinta minutos depois eu já era o Caetano Veloso, fazendo saudações à Sampa e ao leãozinho. Em seguida já era Renato Russo, querendo colo e pensando em fugir de casa. Depois foi a vez de me transformar em Tiziano Ferro, também, imbranato como sou, não poderia ser outro. Pouco mais tarde engoli meu orgulho, já que odeio o inglês, e virei o James Blunt, e claro, cometendo the same mistake de sempre. Cinco minutos depois eu já era o Chano Moreno Charpentier, cantando Arruinarse e querendo ver el brillo de tus ojos rojos. Depois vieram os teóricos: primeiro, como já era de se esperar, Sigmund Freud, com suas geniais teorias sobre a estrutura do aparelho psíquico. Piaget também não ficara de fora, e por um segundo eu quase compreendi o diacho de sua epistemologia genética. Pouco depois eu já era uma mistura homogênea de Vygotsky, Wallon e Reich, e foi nessa hora que eu interagi afetivamente comigo mesmo e me dei conta da minha potência orgástica. Onze minutos depois eu já era o Capovilla, mas não entendia nada de dislexia nem da neuropsicolinguistica cognitiva, apenas do método fônico e um pouco de libras. Logo em seguida foi a vez de Skinner e Pavlov, e me pus a condicionar tudo o que estava ao meu redor, exceto meu coração –  este já nascera condicionado a se apaixonar por quem não presta. Por volta do meio dia vieram os escritores: de Caio Fernando a Fernando Pessoa, da pessoa do Paulo Coelho ao coelho fabuloso de Lewis Carroll. Também interpretei Sartre, citei Nietzsche e Voltaire, e cheguei a sentir o pulsar do coração delator de Edgar Allan Poe ao ver os olhos que fitaram Kafka quando este era ponte e despencava no abismo. Às três da tarde sentei no tapete de minha sala e, com um pincel grosso na mão, pintei a Monalisa em estilo cubista, Viva La Vida em cores barrocas e a Capela Sistina em traços abstratos e em tons fauvistas. Por fim, vieram os (as) maiores revolucionários (as) que prezo: de Harvey Milk a Martinho Lutero, de Nelson Mandela a Jesus Cristo, de Olga Benário a Joana D’Arc. MEU DEUS!, COMO O DIA É REALMENTE GRANDE!

sábado, 25 de fevereiro de 2012

FALANDO SÉRIO


Falando sério..., você chegou mesmo a pensar que eu não pudesse te esquecer e que eu ficaria, por um bom tempo, na sua? Não..., agora só me responda: você pensou mesmo que eu me debruçaria sobre a cama – chorando, talvez, a sua ausência – e permaneceria ali, por muitas e muitas horas, até, quem sabe, você decidisse me ligar? Pensou também que, durante esse intervalo de tempo – entre ligar ou não ligar –, eu ficaria em casa, trancafiado em meu quarto-sala, escrevendo poemas clichês que falassem de amor e solidão, e também de esperas e renúncias? Porventura, chegou a pensar, também, que essas palavras soltas e incoesas, que eu batizei de poemas, foram escritas com o propósito de fazer-te voltar? Não..., eu não estou acreditando! Como assim? Como é que você teve a audácia e a ingenuidade de pensar tudo isso? Pois fique você sabendo de uma coisa, e eu vou dizer alto e em bom som, para que você jamais se esqueça: FIQUE DESDE JÁ SABENDO QUE..., que você pensou certo.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

CONTRA A CORRENTE II

Por que se considera extremamente importante seguir o habitual modelo comportamental exigido pela sociedade? Não seria mais prudente sermos felizes e nos importamos mais com a nossa vida do que com a dos outros?

Bem-aventurados os que quebram as normas sem, entretanto, quebrar a suposta dignidade inerente à raça humana. Salve os que ousam desafiar esse cultuado sistema mesquinho, porque a história pertence a eles, e é por eles que a história é feita.

domingo, 19 de fevereiro de 2012

CELESTIAL

Para Rodolfo Assunção,
de Osasco - SP.
Aprende a fazer o que gosta: vivendo assim a gente vai longe. Tão longe que a vida perde a aparência de vida, e ganha, lentamente, as fantasias do sonho. Por que aprender inglês se não gosto? O espanhol é que me dá asas.

sábado, 18 de fevereiro de 2012

ARRANHÕES

Corri, caí e me ralei.  O Tempo sopra os arranhões com o tempo, mas faz tanto tempo que o Tempo vem soprando as chagas do meu coração e nada de notório ainda aconteceu. Mas um dia hão de cicatrizar, né? Não sei.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

DIÁLOGO SOLITÁRIO

 Certa vez um menino perguntou à solidão:
– Por que você só aparece quando estou sozinho?
 E a solidão lhe respondeu:
– Ora! Porque você não me busca quando está acompanhado.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

BEIJO DIVINO

Que minhas palavras subam ao céu e beijem a boca de Deus, e que depois elas caiam de mansinho, em gotas de poesia, em cima dos lábios que um dia eu beijei. E espero que desse modo a minha poesia, tocada pelo hálito divino, consiga tocar, de uma vez por todas, aquele coração que, sem ao menos pedir permissão, tocara o meu.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

TEMOR DE PAI

   A pior coisa que se pode fazer a um poeta é desprezar os seus poemas.
   Os poemas são filhos que a vida nos dá e que, sem saber direito quando e por que, eles alcançam a maioridade; outros se autoemancipam e saem pelo mundo como filhos pródigos, e quando voltam para casa, os pais os recebem e dão uma grande festa em comemoração.
   O meu coração de pai já está começando a sentir que à hora inevitável, a da partida, está se aproximando.
   Os meus filhos estão crescendo, evoluindo gradativamente. Sei disso por causa da voz deles, que está começando a engrossar, e da postura corpórea. O crescimento dos meus filhos me deixa feliz e, ao mesmo tempo, me preocupa, pois ainda não sei como o mundo irá recebê-los nem sei onde serão capazes de adentrar.
   Se for ao coração do homem, bem..., essa possibilidade também pode ser perigosa, ou talvez não. Talvez seja a minha inútil preocupação de pai – dessas preocupações que não nos leva a lugar algum, a não ser a uma profunda depressão.
   Os meus filhos estão crescendo, mas eu não devo me preocupar, pois lhes dei a melhor educação que um pai pode dar: criei-os livres, autônomos, e assim se tornaram críticos – e poemas críticos o mundo não pode amaldiçoar.
   – Cresçam! Meus poemas! Cresçam! E depois venham visitar este velho pai – que não é tão velho assim – para que aquela grande festa eu possa dar.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

PROPAGAÇÃO


Quando sou lido em voz alta, não passo de uma mera onda sonora que aos poucos se desfaz em meio a tantos outros sons. Mas quando você me lê silenciosamente, transformo-me naquilo que mais gosto de ser: pensamento e silêncio.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

O CÚMULO DA RESILIÊNCIA

A faculdade é a própria casa da moeda. O curso é decepcionante. A grade curricular é uma palhaçada. O corpo docente..., bem..., nem vou falar, porque uma parte até que dá para aproveitar. A profissão é desprivilegiada. O salário é vergonhoso. Os alunos, da plateia, fingem aprender alguma coisa. Os professores, das jaulas, fingem ensinar. E os chefões – de chicotes nas mãos – fingem... Se bem que estes nem precisam mais fingir nada: já estão todos domados mesmo!
É..., finalmente o CIRCO ANHANGUERA está montado: lonas, picadeiro e plateia.
Horário de funcionamento: isso depende, mas eu aconselho das 8h às 10h e 30min.
Dias de funcionamento: Isso também depende, mas geralmente são quatro vezes na semana.
Quer participar do espetáculo? Então venha comigo, e se eu trouxer você e mais outros para cá, eu posso até ganhar um tablet, ou ainda, quem sabe, um notebook, isso não é bom?! Mas pense muito bem, porque aqui se fala a linguagem do “X VEZES, SEM JUROS, NO BOLETO”.
Atestado de matrícula? Uma vez, sem juros, no boleto.
Respirou no momento indevido? Três vezes, sem juros, no boleto.
Mudou de carteira? Quatro vezes, sem juros, no boleto.
Disse o que não devia? Cinco vezes, sem juros, no boleto.
Comparou a faculdade com outra? Sete vezes, sem juros, no boleto.
Falou mal da instituição? Isso é quase inafiançável, mas nada que dez vezes no boleto não resolva.
Protestou? Xiiiiiiii... Isso só à vista.
Ah! E ainda tem mais: no mínimo, cem cabeças por sala – isso é que é interação: VIVA VYGOTSKY!
Agora imagine aí uma aula de educação física dentro da quadra: são cem pessoas correndo atrás de uma única bola! Pode crer, nem a Seleção Brasileira de Futebol tem chance alguma contra esse time.
Eu não gosto desse time. Nem do jogo. Muito menos do técnico. Na verdade, eu odeio esse circo! Mas continuo na disputa, e assisto, com um sorriso cínico nos lábios (sorriso cínico nos lábios? Oito vezes, sem juros, no boleto), assisto esse jogo por causa delas, as criancinhas: são elas que me fazem continuar. Embora eu saiba que só quem ganha o troféu da Copa Anhanguera é a própria Anhanguera. Ela e mais ninguém.




Obs.: Confira aqui a reportagem que o Jornal do Parlamento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP) fez a respeito da demi$$ão de professores do Grupo de Faculdades Particulares Anhanguera.


Confira aqui a minha "carta de retratação" perante a faculdade.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

EU ERA UM ANJO

Vim à Terra como um anjo. Minha mãe, temendo que eu voasse, cortou minhas asas. Minha irmã, que sempre gostara do brilho das coisas, furtou minha auréola. Por fim foi a vez de Deus, que após se dar conta de que me fora tirado os apetrechos de arcanjo, decidiu presentear-me com um coração. E foi desse modo que eu me tornei um menino de verdade: por meio das perdas, transmutei-me em humano. Mas de uma coisa eu estou seguro: a essência angelical da minha poesia ninguém a rouba de mim. Entretanto, acredite: se fosse me permitido escolher o que ser durante a minha estadia pela Terra, escolheria, sem dúvida alguma, ser anjo novamente, não apenas por causa da aparente liberdade concedida pelas asas,  menos ainda por causa do estonteante brilho da auréola, mas porque lhe é dispensável a presença daquilo que bate e nos bate, e que carinhosamente batizaram de coração.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

TAMPA E PANELA

Para cada panela, duzentas tampas – foi bem assim, com essas palavras, que você me disse, não foi? No entanto, eis que me surgiu uma dúvida: para cada tampa há duzentas panelas também? Preciso ser breve e ir direto ao assunto: o problema de tudo isso é que a panela que amo só se contenta com um jogo variado de duzentas tampas, e eu descobri, agora a pouco, que sou tampa de uma só panela – panela essa, meu bem, que tem que estar disposta a renunciar às outras cento e noventa e nove tampinhas, porque quando eu quero, baby, pode crer, eu valho por mil.

ATEU

Sei que um dia as minhas palavras beijarão os lábios de quem as me deu. E sei também que as mesmas tocarão de mansinho o selvagem coração que ousara tocar o meu. E nesse dia, por certo, meus beijos grafados em letras cursivas haverão de dizer que eu era teu. Só teu. Eu.