terça-feira, 22 de julho de 2014

VOLTA LOGO PRA SP OU VAMOS PRA MADRI


Tudo o que ela queria era apenas um sexo bem feito, uma boa noite de sono, café da manhã preparado por ele, um SMS agradecendo o louco final de semana e um Marlboro entre os dedos. Essa é a Antía, neta do Velho Berreiro, filha da Galícia, amiga do funk, amante do povo brasileiro.


Com ela sorrimos, choramos, bebemos, fumamos, cantamos, dançamos, estudamos.
Com ela aprendemos a desconstruir nossos preconceitos de classes, nossos medos de andar nas ruas à noite, nossa insegurança diante do novo.
Com ela fomos ao risca faca, cantamos Imagine, dançamos La bamba, fizemos pesquisa antropológica, produzimos etnografias urbanas.


Com ela aprendemos a diferença crucial entre ser puta e ser desapegada, aprendemos a dançar conforme o ritmo da batida, a ignorar o bonitão que nos ignorou.
Com ela aprendemos a beber auga e a diferenciar cafezinho vagabundo de café com glamour. Aprendemos que a felicidade está a dois passos da loucura, justamente na divisa que separa o cotidiano do desconhecido.


Com ela aprendemos a enxergar o Brasil. Sim, o nosso Brasil! Pois até então só tínhamos o visto superficialmente, e ver não é o mesmo que enxergar.


Em breve, daqui a algumas horas, nossa Doña estará voltando para o hemisfério norte, levará consigo recordações e amizades para toda uma vida.
Sentiremos muito a sua falta, Antía, principalmente na quadra da Unifesp, no bar da esquina e no Red Bar. Já dizia o nosso grande poeta brasileiro, Carlos Drummond de Andrade, que de tudo fica um pouco. Sim, um pouco. Não muito, apenas um pouco. E esse apenas um pouco aperta o coração, dá um friozinho na barriga, faz dos olhos cachoeira e brota em nós a certeza que esse pouco não é tão pouco assim.


Agradecemos por tudo.
Com amor, a galerinha das Ciências Sociais.