segunda-feira, 28 de novembro de 2011

METANOIA

Depois que se aprende a voar alto e se descobre a magia das alturas, descobre-se também, concomitantemente, que é chegada a hora de abandonar os corvos e aprender um pouco mais com as águias.

domingo, 27 de novembro de 2011

ESQUIZOFRENIA

Somos nada mais que a resposta da pergunta que nos move sobre a terra, mas quer um conselho? Jamais ouse tocá-la. A busca nos move, sim, mas o toque pode nos paralisar. Não crês nisto? Ainda bem.  Pois as dúvidas fazem parte da procura, enquanto a conclusão, mesmo que inautêntica, petrifica-nos.
Como disse, não deixes de procurar, é a procura de nós mesmos que faz a engrenagem da vida girar com tamanha perfeição. Mas não toques nela, caso encontre-a, quase nunca estamos completamente preparados para tatear aquilo que realmente somos. Um dia eu fiquei cara a cara com quem realmente eu sou e, acredite, eu toquei. E eis que se gravou em minha memória a seguinte história, que só acredita quem crê em mágica:
Era uma vez um menino que perseguia insistentemente a resposta do enigma humano: “quem sou eu?”
Um dia ele rasgou a própria alma, e lá estava ela, quentinha, intacta, virgem como um coração de uma criança, e após tocá-la, ele enlouqueceu.

ESQUIZOFASIA

Hoje eu descobri a terra que Colombo jamais ousara procurar, onde habita um índio cuja natureza assemelha-se ao de um caranguejo e o seu nome me lembra aspereza. Após descobrir a existência de tal lugar, eu chorei como choro ainda agora, ao escrever estas palavras.
Eu não pretendia revê-lo nunca mais, e por isso o prendi em uma terra desconhecida, jamais habitada a não ser por histórias surreais, mas meus sonhos me levaram até lá novamente, e juro a você que, inutilmente, eu tentei acordar...
Reviver nossos momentos, recalcados em meu inconsciente, fez-me pensar que eu não deveria estar pensando aqueles tipos de pensamentos, afinal tudo não passou de um sonho que durara pouco mais de três anos.
“Mas a realidade é mais palpável, durável, estável...”, poderia alguém me dizer esta gama de palavras, terminadas em “ável”, para me consolar. Entretanto, polêmico como eu sou, eu revidaria dizendo que isso sempre dependerá da intensidade em que o sonho fora sonhado.
Despertei-me hoje cedo deste sonho de sonhar que tudo fora apenas um sonho, mas para que a realidade não seja tão dura com meus devaneios, a ponto de, por exemplo, impedir-me de sonhar, eu deitarei mais uma vez em minha cama, e mais uma vez eu porei minha cabeça sobre o travesseiro – ou será o travesseiro sobre ela? Não sei. E a sua maciez fará lembrar-me do quão confortável é o sonho de sonhar que tu também sonhas que eu sonho contigo, e essa infinidade de sonhos – os sonhos são infinitos! – derramará uma porção de lágrimas sem sentido, ou talvez tenha sentido, sim, já que as mesmas espalharão o meu sono e farão lembrar-me do índio inesquecível.
Perdoa-me, meu pequeno canibal, mas eu ainda não consegui acordar este meu sonho que sonha com a minha presença em tuas instâncias psíquicas, para que a psicanálise, um dia, quem sabe, possa me confortar ao dizer, mesmo que em sonho, que tu também sonhas comigo. E assim eu poderei escrever a nossa história que começa mas que não termina nunca, porque este sonho é sonho de sonhador, e o meu grande sonho é escrevê-la assim:
Sonhei que eu era um sonhador que navegava em busca da terra dos sonhos e que jamais a encontraria se não procurasse nos olhos castanhos de um selvagem que também, por coincidência, era um devaneador.
Este ser de pele morena, cabelos negros – não como as asas da graúna, mas como o sangue da minha alma –, voz uivante, torso forte e quente despertara em mim certo tipo de “sonhosoquismo”.
Sem saber, mas ao mesmo tempo já sabendo – porque sou eu o narrador –, ele também sonhava em fazer algumas esquisitices com meu corpo e com o meu coração – para ser mais sincero, mais com o meu corpo, porque com o meu coração ele já fizera –, e em seu sonho eu era um deus que habitava as esferas dos seus desejos, carregava cinco bandeiras – sendo a colorida a mais pesada –, falava como um trovador, pensava como um filósofo, agia como um filantrópico e sonhava como uma criança rousseauniana – e não como um adorador de Mamom. E em todos os seus sonhos eu aparecia com um par de asas (mas eu não era um anjo, já disse, era um deus), asas essas compradas na Vinte e Cinco, e as mesmas enrijeciam o meu sonho que, fisicamente, era dele, mas que poderia ser nosso se eu o deixasse ser levado até as estrelas...
E mesmo que eu não ponha um ponto final na história que algum dia escreverei, porque na verdade ela não tem fim, eu ousadamente farei um pós-escrito, dizendo: “hoje eu pari um filho, cuja alma possui a mesma cor dos olhos do índio em que um dia eu sonhei...

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

REDENÇÃO

O lugar mais alto que o homem pode estar é debaixo dos pés de Cristo. Devo dizer, porém, que a escalada não é nada fácil: como não confundi-Lo, por exemplo – em tempos de cegueira espiritual –, com templos ou líderes religiosos? Como diferenciar o Cordeiro dos lobos? Responda com prudência tal enigma e seja livre na presença do Salvador.

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

EM NOME DA FÉ


Em nome da fé as pessoas matam;
Em nome da fé se condena;
Em nome da fé se julga;
A fé é suja?
Não! Porque em nome da fé se ajuda,
E também, em nome da fé, se ama,
E, em nome dela, Deus nos une.
Fé: faca de dois gumes.

sábado, 19 de novembro de 2011

PENSAMENTOS DE GOMA

                                                                             Para Juju, minha princesa.

Enfim, o dia tinha chegado. Em breve estariam em casa se, entretanto, não existisse aquilo que a vida nos ensinou a chamar de imprevisto – ou será infortúnio? Não sei. O que sei apenas era que estavam contentes, sorrisos estampados em seus pálidos rostos, igualmente ao das criancinhas que estampam as propagandas publicitárias das escolas privadas e dos programas do Governo Federal, e que ficam sorrindo para nós naqueles imensos cartazes – sei que seria mais conveniente chamá-los de outdoors, mas, desculpa-me, prefiro imensos cartazes.
Havia algo de estranho no ar. Literalmente havia algo de muito estranho sobrevoando aquele céu escuro, mas pensavam eles que aquele ar desconhecido pairado dentro daquela máquina fosse nada mais do que uma pequena e curta essência de felicidade, já que há tanto tempo não sentiam essa coisa estranha e volátil que fazia brotar dos seus lábios outra coisa igualmente estranha e volátil chamada sorriso.
Não havia nada de errado com eles. Não havia nada de errado com o restante dos passageiros. Havia sim algo de inadequado com aquele imenso pássaro de aço – eles gostavam dessa expressão: imenso pássaro de aço.
Como já disse, eles estavam alegres, passava por suas cabeças, naquele momento, a imagem do sorriso de uma princesa que adorava chiclete – era tão lindo vê-la com gomas de mascar na boca que o mundo, para eles, poderia acabar assim: com a princesinha a mascar chicletes.
Em breve eles veriam, se não houvesse aquilo chamado de inesperado, o sorriso daquela garotinha. E também veriam novamente a sua casa, os seus amigos, a sua pacata, porém encantadora, cidade. Mas algo de muito estranho aconteceu no ar. Algo que de tão estranho, torna-se impossível narrá-lo.
Jamais imaginou, em toda a sua vida, presenciar a saída de sua alma colorida do seu corpo agora carbonizado. Mas é de conhecimento geral que imprevistos acontecem, e sempre acontecem de uma hora para outra, e não há profeta, bola de cristal, muito menos vidente, que preveja um imprevisto. Contudo, devo dizer que eles estavam felizes. Estavam indo de volta para casa – como diz a canção. E naqueles ínfimos segundos de vida, em que, de tão curto, não dá tempo de pensar em nada, eles, desafiando aquele mísero espaço de tempo que lhes restavam, eles pensavam.
Em seus pensamentos, que cheiravam a chiclete mascado, havia uma guria, que os esperava, na porta de sua casa, mascando chicletes de melancia.
A meninazinha de seus pensamentos estava alegre. Eles próprios estavam alegres. Infelizmente não são todos que partem felizes, suspensos em balões de chicletes, rumo ao infinito.

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

UMA NOTÓRIA EVOLUÇÃO

“Peço paz aos filhos de Abraão, quero Gandhi na melhor versão, e nada me faltará, e nada te faltará.” (Ana Carolina, NADA TE FALTARÁ)

Hoje estive pensando à cerca dos recentes ataques neonazistas ao público homossexual, e, em um ímpeto inexplicável, eu comecei a agradecer a Deus por tais acontecimentos. Agradeci porque este cenário já tem mostrado suas “evoluções” ao longo da história da humanidade, ora!
Antigamente era comum fazer fogueiras purificadoras cujo papel dos homossexuais era o de serem transformados em míseras “lenhas” e queimarem até não restar nada além de “coloridas cinzas negras”, sabia? Hoje ainda é corriqueiro espancar os... – como é que eles chamam mesmo? Ah, “veadinhos”! –, hoje ainda é comum espancar os “veadinhos” solitários que perambulam pelas ruas (também, convínhamos, eles, com seus caminhados e roupas extravagantes, incomodam por demais os transeuntes viris!); é possível que daqui algum tempo as ofensas e as injúrias, arremessadas em cima deste grupo de pessoas, já sejam suficientes para “extravasar” a raiva daqueles que, por exemplo, ainda não descobriram a verdadeira finalidade de um livro, uma bola de futebol, exercícios físicos ou coisa assim.
 É..., graças ao meu bom Deus o mundo está mudando.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

CARTA PARA UM ESTAGIÁRIO DA EDUCAÇÃO

            Querido estagiário, hoje, após ter faltado energia elétrica em toda a escola por conta da chuva, nós, do corpo docente, juntamente com a direção e com a coordenação, optamos por suspender as aulas do período vespertino. Portanto, hoje você tem a tarde inteira para dar início à parte burocrática do seu estágio, no qual você poderá começar a escrever o seu relatório que é exigência obrigatória, como você mesmo me falou, para a obtenção de nota parcial para a graduação do seu curso.
            Creio que você deve estar um pouco temeroso já que eu não vou estar aí para te orientar, mais ou menos, neste processo. Porém, desde já eu quero te dizer que não precisa temer nada, pois o projeto político-pedagógico (PPP) irá lhe nortear, e caso haja alguma questão em que o projeto da escola não aborde, você poderá tirar dúvidas com a secretária ou com a própria coordenadora da escola – já que a mesma permanecerá nesta instituição até as cinco da tarde.
            Pois bem..., peça a coordenadora para lhe entregar o PPP da escola e diga a ela, antes de tudo, que você irá ter todo o cuidado – ela não gosta de emprestar o “Livro Sagrado” da escola sem antes escutar, da pessoa que recorre a ele, um juramento de comprometimento que visa à integridade física desta obra.
            Querido estagiário, antes de você ir buscá-lo, quero alerta-lhe para algumas surpresas que você certamente se deparará, por isso, para você não perder a esperança na educação, já que a realidade da sala de aula é bem diferente da pregada na “bíblia escolar”, vai aqui algumas dicas: pegue dentro do meu armário um frasco de maionese decorado com um desenho de uma menina segurando um ramo de flores cor-de-rosa, nele está o algodão em que te será muito útil; depois pegue o álcool que fica no mesmo compartimento e, após isso, umedeça uma boa parte do algodão com o álcool que lhe servirá, improvisadamente, de “leite de colônia”; feito tudo isso, é hora da higienização...
            Pegue o projeto político-pedagógico da escola e, com muita delicadeza – lembre-se sempre de ser delicado! –, comece a retirar a maquiagem que fora, hipocritamente, impregnada na educação por meio de palavras belas e utópicas. O trabalho não será fácil, pelo contrário, será árduo, às vezes irá parecer até impossível, já que a maquiagem fora tão bem aplicada, mas seja persistente e delicado – não se esqueça de ser delicado! –, pois aos poucos o pó compacto, o blush, a base, a sombra e o brilho labial irão sair e revelarão a verdadeira face da educação.
Lembre-se que o brilho labial é um dos itens mais importantes a ser removido justamente por comprometer o sorriso da educação, e este costuma enganar os que se apegam à cor, brilho e consistência. Entretanto você, com toda a certeza, não conseguirá fazer toda a remoção do lápis de olho e do rímel que, sequencialmente, dão destaque, artificialmente, aos olhos e aos cílios do nosso ensino. Contudo, tente remover, o máximo possível, a maquiagem encontrada nesse rosto inocentemente pintado, e caso precise de mais algodão, há mais alguns pacotes no almoxarifado.
Espero que as minhas dicas lhe sejam úteis e que você as siga, passo a passo, como eu te recomendei. Não acredite em todas as palavras belas e ludibriantes presentes no nécessaire de toalete educacional e lembre-se sempre que a educação está maquiada.
Querido estagiário, por favor, peço-lhe que não ignore estas palavras aqui presentes, para que não venha a ser mais tarde, igualmente a mim, um educador maquiado e maquiavélico: digo-te isso porque eu sei o quanto é pesada e visguenta a máscara que o meu comodismo me obrigou a usar.
Atenciosamente, mais um educador maquiado.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

QUEM FOI

Quem foi – perguntou o Máscara – que despertou meu coração?
Quem foi que me amou brincando deitado no meu colchão?
Quem foi que resolveu partir sem pedir-me permissão?
Quem foi? – perguntou o Máscara,
E o Rei disse: lembro não.

Mas quem foi – o Rei perguntou – que me entristeceu?
Quem foi que falou com o olhar que queria ser meu?
Quem foi que brincou comigo e se esqueceu?
Quem foi? – perguntou o Rei,
E o Máscara falou: fui eu.

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

A TEORIA DAS PALAVRAS

Algumas palavras nunca deveriam ser ditas; outras, em hipótese alguma, deveriam ser escutadas; ainda há aquelas que jamais deveriam ser escritas; há também as que não deveriam ser lidas. Mas isso é só a minha teoria – a teoria das palavras –, pois na prática geralmente costuma acontecer o avesso.
É por essas e outras razões que eu nunca dou crédito de mais às palavras, a ponto de, por exemplo, acreditar demasiadamente em todas elas, mas as utilizo na construção de minha crença, crença essa que nem sei ao certo se possuo.

domingo, 13 de novembro de 2011

UMA TEORIA SUICIDA

Na verdade, não existe suicídio. O suicídio é apenas uma palavra inventada pelo ser humano para tentar definir aquilo que de fato não existe. Mas o que existe sim é, sem a menor sombra de dúvida, o homicídio praticado por si próprio contra si próprio, entende?
E se sou eu quem pratica esse homicídio contra eu mesmo, então seria correto afirmar que serei eu o responsável pela minha própria morte? Claro que não: Não sejamos simplórios! A responsável pelo próprio homicídio praticado por si próprio e contra si próprio nada mais é que do que a própria sociedade.

sábado, 12 de novembro de 2011

INTROSPECÇÃO

Lembra que faltando trinta dias para a minha partida eu te dei a chance de você me dar trinta motivos para eu ficar? E esses trinta motivos poderiam ter sido motivos banais, do tipo: “fica, porque você é uma pessoa bacana, sincera, sensata, fiel...”, e tantos e tantos outros motivos que poderiam ter sido listados sem o menor grau de complexidade que aposto que ultrapassaria os trinta motivos que lhe pedir.
Você também se lembra que faltando quinze dias para eu viajar, eu, idiota que sou, te dei a chance de você me dar quinze razões para eu cancelar a minha viagem? E mais uma vez poderiam ter sido razões mascaradas de egoísmo, sim, bastaria apenas você me dizer: “olha, não vá, eu preciso muito de você, muito mesmo. Quem é que vai me dizer que vale a pena viver quando tudo parecer perdido? Quem é que vai me dizer que tudo ficará bem quando nada parecer ter dado certo? Quem me falará de Clarice, Caio, Pessoa, Baudelaire, Freud, Skinner, Pavlov, as loucas das Ferreiro e da Teberosky, Capovilla, Paulo Freire, Mário Quintana? Sim, quem citará Renato, Cazuza, Carolina, Jesus Cristo, Paulo Coelho, Marley e Saramago? Hem, quem?”, e de certo que haveria mais, muito, muito mais razões a serem citadas.
Lembra que faltando um dia para eu viajar eu, desesperado, te dei a chance de você me dar um motivo para eu não ir embora? Já seria suficiente se você me dissesse que precisava apenas da minha companhia, e isso faria eu desarrumar as minhas malas, engavetar minhas roupas e correr direto para sua casa para comemorarmos, em sua cama, a viagem cancelada. Mas você não disse nada, nem um desejo de “boa viagem”, “vai com Deus”, sei lá, essas coisas banais que estamos acostumados a dizer quando pessoas que supúnhamos importantes para nós resolvem partir.
Agora, nesta fase na qual me encontro, nem se você me desse mil motivos para eu voltar, e mesmo que esses motivos fossem provados e comprovados pelas ciências das mais variadas áreas do conhecimento humano, testados cientificamente nos mais modernos laboratórios das mais renomeadas universidades do mundo, eu não voltaria. Nem se esses motivos estivessem fundamentados em teses, dissertações de mestrado, tratados internacionais, no Evangelho – sabe? – ou nas setenta e oito cartas do tarô, eu não poderia voltar. Não porque eu não queira. Não, não é isso. Mas é porque que eu fui longe demais, sabe? Não, você sabe. Aliás, não é somente você quem não sabe, e não se sinta inferior por isso: só quem já mergulhou dentro de si próprio sabe verdadeiramente o significado da expressão ir longe demais.

sexta-feira, 11 de novembro de 2011

L’ NATHAN


Hoje de manhã, lá pelas seis e meia, meu telefone tocou. Achei estranho, ele nunca toca nesse horário, e tocava e vibrava com tanta veemência, que cheguei a ficar preocupado. Atendi. Era Tânatos, ligava de um número privado, queria saber se podia visitar-me à tarde, estava com a voz mais doce do que de costume, porém insegura como sempre. Respondi-lhe que não, que já havia combinado de ir ao cinema com Eros, e que ele dormiria aqui em casa esta noite.
Não foi nada fácil recusar o convite de Tânatos – logo eu, que gosto tanto de sua companhia, do seu jeito, seu silêncio, sua poesia... Mas ninguém é de ferro – em exceção, apenas, os pedagogos: eles possuem ossos de aço, acredita? Mas isso é outra história –, como eu dizia, ninguém é de ferro para resistir a um longa-metragem, com direito à pipoca e refrigerante, tendo a vida como companhia.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

DECOEDIFIQUE

Polivalência? Resiliência? Esquiva? Fuga? Recalque? Tânatos? Análises? Terapias? Substâncias psicoativas? Mal de Alzheimer intencional? Ab-reação? Não, não, não! Tudo isso não fora o bastante, acredite.
Para chegar ao estado de quase esquecimento no qual me encontro, foi preciso muito mais que mergulhar em Freud, Skinner, Lacan, Jung... Foi necessário matar uma parte do meu Eros, dominar o meu id e alforriar de vez o meu superego. Para te esquecer? Foi preciso destruir uma parte sua que vivia dentro de mim, velá-la por muitas e muitas noites de insônia e, por fim, reencarná-la nesta poesia-psicanalítica que somente eu consigo compreender.
Eis aqui, meu amor, algumas fatias de nossas almas pintadas em grafe-fonemas que nem mesmo Capovilla consegue "decoedificar".