"Para os peixinhos do aquário,
Quem troca a água é Deus."
(Mario Quintana)
Os peixinhos louvam;
Os peixinhos gritam;
Os peixinhos oram;
Os peixinhos vibram;
Os peixinhos proclamam;
Os peixinhos veneram;
Os peixinhos profetizam...,
E nada se altera.
No entanto, eis um fato gozado:
Estando o aquário muito
sujo,
Seu dono decidiu limpá-lo;
E os peixinhos
(Tão inocentes, coitados! ),
Agradeceram ao seu deus
Pelo “milagre humanizado”.
Não sabiam eles, porém,
Que tal acontecimento vislumbrado
Foi realizado por simples homem
Que adora contemplá-los.
Os peixinhos, para o dono do
aquário,
São miudezas escamadas
Que nadam em direção ao
nada,
Como num círculo vicioso,
Como segredos sobre um
diário.
E neste mesmo círculo alienado,
O tal homem, por incrível
que pareça,
Também se encontra engajado:
Ele supõe ser a realidade,
Com toda a sua complexidade,
Obra dos deuses de barro.
Eu bem que pergunto a Jeová
Mas ele não me responde:
E a Gravidade,
Será que ela tem seus
orixás?