sábado, 6 de junho de 2015

PÓS-MODERNISMO


Para Thauane Rocha e José Brendo, com todo amor.


Os pós-modernos estão certos. Digo isto porque neste momento sou um deles. Toda racionalidade está de fora, porque somos útero e irresponsabilidade. Minha amiga está dançando, a verdade é tão grande que o pensamento a me tirou. Faço poema como aprendi a fazer vida, vivendo. “Preciso de mais água”, falou-me, esquecendo-se que de água precisamos todos nós. O corretor ortográfico corrige a palavra: graças a ele todo um século está salvo e livre de pesquisas inúteis. Uma palavra, mil significados. Onde há gente que fala a mesma língua? Escrevi um milênio e ninguém notou. Foda-se: a eternidade é relativa. Pessoas dançam à minha frente, mais pedidas do que eu, e um boy bem lindinho toma sua Catuaba olhando pra mim. A sexualidade permanece e eu já não estou mais aqui. O inconsciente é lindo, mas cheira a loucura, porque não se passa no tempo certo. Minha amiga permanece conversando. Meu outro amigo reaparece. A loucura é palpável!  Estou mais ciente, mas os significados ainda me falham. Fumei. Cheiro a cigarros. As pessoas dançam. Séculos e séculos dançam os pavões... Darwin tinha razão. Isso tudo era pra ser uma retrospectiva e eu só consigo falar do agora. Era pra ser um conto, mas perdi as contas. Um conto de alguém que fumou e bebeu. Bebi nada, a bebida é quem me lambeu. Uma segunda leitura da vida, é só o que peço, para que tudo permaneça como está. A vida é bonita; parada, mais linda ainda. Registro tudo isso porque quero prendê-la. Já que me prendeu neste corpo, que sofra do mesmo mal, ficando presa aqui, sim. Lembro-me de Ana C, e aqui coloco o ponto final: fim.