quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

DESCULPEM-ME

Peço desculpas aos meus leitores por meus poemas não darem o melhor de si, é que o melhor de si deles está dentro do que há de pior em mim, e nem todos se encontram devidamente preparados para ver essa coisa bizarra que habita o meu interior, e por isso não pretendo mostrá-la a ninguém.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

PALAVRA DE CAPRICORNIANO

Ultimamente, venho vindo descartando a covardia do “nunca” e o pesadelo do “jamais”, todavia também não tenho ainda me apossado do impensável “sempre” e do, tão sonhado pelo meu id, “só se for agora”. Por isso, nesses últimos meses, tenho entoado, com bastante frequência, a canção do “talvez” e do “pode ser”, porque quando eu digo “não”, é não, embora admita, com um certo grau de receio, que meu “sim” ainda se encontra sujeito à mutação.

VIDA GAME

Parabéns, Mário, você venceu! Game over para mim, o Rei Bowser Koopa, o temido vilão que, igualmente a você, cospe fogo. Agora vá lá, atravesse a passarela sobre o mar de fogo e resgate a princesa, salve a pobre donzela Peach. Rápido! Ela lhe espera...

domingo, 11 de dezembro de 2011

MEU EPITÁFIO

Eu queria ser uma poesia, ou até mesmo uma crônica, contanto que fosse simples e breve, e com palavras que não precisasse do dicionário para saber os seus respectivos significados.
         Eu queria ser um poema, ou quem sabe ainda um conto, bem simplório e desesperado, mas que trouxesse esperança, e que fosse construído em uma linguagem bem caipira.
         Eu queria ser um texto com uma textura suave, que fosse como um tecido leve e confortável sobre a pele áspera e rugosa das minhas palavras envelhecidas pelo tempo, e que fosse escrito em um pedaço de papel amarelado ou em um pergaminho perdido dentro de uma sinagoga perdida no tempo, ou, quem sabe, ainda, ser uma manada de versos selvagens escritos no verso de uma prova de matemática –– aplicada no meu tempo de colegial.
         Eu queria ser um punhado de palavras perdidas e incoesas que grudassem ideias, feito chiclete em sola de sapato, em pensamentos pegajosos e, posteriormente, interligassem frases contemporâneas, também perdidas e incoerentes, em frases anacrônicas.
         Eu queria ser um conjunto de frases que parassem em meio ao nada para somente explicar paráfrases inexplicáveis.
         Ah, meu Deus, por favor, não me transforme em estrela quando for chegada à hora de eu fechar os meus olhos para dormir o meu sono profundo, nem me prenda no vasto céu nem me deixe a nadar no temível lago de fogo! Por favor, meu Deus, permita-me apenas ser transformado em um poema fúnebre, mas que este esteja vivo, e que o mesmo possa ser gravado em minha lápide, abaixo da estrela e da cruz esculpidas no mármore, para que nunca se esqueçam que o meu maior orgulho na vida foi ter sido poeta.

sábado, 10 de dezembro de 2011

EGOCENTRISMO

Segundo a Epistemologia Genética de Piaget, com certeza eu devo ter regredido para o estágio pré-operatório: primeiro EU, segundo EU, terceiro EU...

QUEM É ELA

Para Rosilane Gomes,
Com amor e carinho.


Quem é ela que sorri como uma orquídea branca,
Que segue a Luz como um persistente girassol,
Que chora com o orvalho das madrugadas
E que se abre, dia após dia, com a luz do sol?

Quem é ela que brinca com os elementos da terra,
Que flutua, como uma vitória-régia, sobre a calmaria,
Que passa as noites mergulhando nos livros
E que deixa os livros mergulhá-la durante o dia?

Quem é ela que, tendo espinhos, nunca furou ninguém,
Que mesmo caindo ao chão, não se permite ali ficar,
Que possuindo raízes, nas as fixou em solo algum
E que vindo o vento, jamais se deixou despetalar?

Quem é ela que encanta as náiadas com sua beleza,
Que deixou um beija-flor atrevido entrar em seu jardim,
Que descansa ao sábado entoando cânticos de néctar
E que adoça a boca do Criador e dos seus querubins?

Que rosa é essa que se explode em cores e irradia perfumes,
E não é a de Hiroshima nem fora catalogada pela antologia?
Quem é ela que ao estudar a geografia, descobriu onde nascer,
E decidiu-se, por si mesma, a nascer aqui, na minha poesia?

Ora, responda-me: quem é ela? Vamos, diga-me: qual é o seu nome?
Preciso saber onde está ela agora e tentar encontrá-la novamente,
Porque, em uma noite fria, suas palavras aqueceram minha boca,
E minhas noites têm sido tão gélidas ultimamente...

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

BIFURCAÇÃO

Havia dois caminhos...

                         Eu escolhi o maior...,

                                        e de tão grande,

                                                eu ainda não sei aonde vai dar...

QUERENDO OU NÃO

Os meus sonhos foram todos guardados dentro de um coração. Muito cuidado se um dia resolver tocá-lo, porque, querendo ou não, estará também tocando nos meus sonhos.
         Os meus desejos foram todos trancafiados dentro de um armário. Muito cuidado se um dia resolver arrebentá-lo, porque, querendo ou não, estará também arrebentando os meus desejos.
         Os meus segredos foram todos ocultados dentro de um livro. Muito cuidado se um dia resolver lê-lo, porque, querendo ou não, estará também lendo os meus segredos.
         Os meus amores foram todos sepultados dentro de um féretro. Muito cuidado se um dia resolver enterrá-lo, porque, querendo ou não, estará também enterrando os meus amores.
         Os meus anseios foram todos aprisionados dentro de um quarto inabitável. Muito cuidado se um dia resolver adentrá-lo, porque, querendo ou não, estará também adentrando em meus anseios.
         Os meus desabafos foram todos pintados dentro de um quadro. Muito cuidado se um dia resolver replicá-lo, porque, querendo ou não, estará também replicando os meus desabafos.
         Os meus medos foram todos enterrados dentro de um jardim completamente árido. Muito cuidado se um dia resolver irrigá-lo, porque, querendo ou não, estará também irrigando os meus medos.
         Os meus manuscritos foram todos colocados dentro de um feixe de lenhas. Muito cuidado se um dia resolver queimá-lo, porque, querendo ou não, estará também queimando os meus manuscritos.
         Os meus pensamentos foram todos cultivados dentro de um corpo raquítico. Muito cuidado se um dia resolver surrá-lo, porque, querendo ou não, estará também surrando os meus pensamentos.
         Os meus erros foram todos camuflados dentro dos meus poemas errantes. Muito cuidado se um dia resolver publicá-los, porque, querendo ou não, estará também publicando os meus erros.
         Os meus poemas foram todos amadurecidos dentro da minha alma adolescente. Muito cuidado se um dia resolver desmerecê-la, porque, querendo ou não, estará desmerecendo tudo aquilo que eu considero de mais sagrado.

PARALISA

Eu te entreguei o meu único amor e você, sem nenhum pudor, me devolveu. Como posso entregar-te o meu coração, que também é único, se você já demonstrou não suportar o que há dentro dele?

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

ARCO-ÍRIS MONOCROMÁTICO

Com sete cores pintaram o nosso mundo..., e eles acham que o nosso mundo é colorido.  

INCOMPREENSÃO

Para Mima Rios, amiga e leitora.

A vida é bela quando se acredita que a sua beleza nunca poderá ser compreendida.

MAIS QUE UM MERO PENSAMENTO

Dedicado à professora Lúcia Miranda Rosa



Pense em uma rosa – pode ser qualquer rosa, desde que possua espinhos. Pensou?
Bem..., agora pense nessa mesma rosa só que sem pétalas, sem cor, sem cheiro, toda desfragmentada, toda aos pedaços, murcha até no talo em que a natureza fez questão de pregar alguns espinhos aparentemente inúteis. Pensou?
Pois bem..., eis aí, em seu pensamento, o esboço fiel da minha poesia.

METÁFORAS MALPASSADAS

As minhas mãos já estão calejadas
De tanto carregarem o cajado que atalha
As minhas palavras transviadas.

O meu cajado se encontra rachado
De tanto bater nos meus pensamentos
Duros feitos meu coração cromado.

O meu coração fora sodado
Depois de ser partido em mil pedaços
Por um soldado mascarado.

As minhas máscaras foram retiradas
Depois de aparecerem os arlequins
Atuando com palavras retalhadas.

Mãos, cajado, coração, máscaras, soldado...
Se o mundo comesse metáforas malpassadas,
A fome, aqui, seria um problema solucionado.

CONTRA A CORRENTE

Nem cabeça nem calda, nem princípio nem fim, nem Alfa nem Ômega, nem nada do tipo assim. Quero ser apenas o intervalo, nada mais que o intervalo, de dois lados extremamente opostos.

RIMAS

Queria fazer uma poesia de rimas simples que falasse do amor e da covardia. Mas rimas simples, para sentimentos tão complexos como esses, estão tão escassas nesses dias...

AMADURECIMENTO

Para Andressa Santos, minha leitora e amiga.

Hoje estive pensando e cheguei à conclusão de que não é tristeza toda essa tristeza que sinto; eu próprio não sou triste, sou melancólico, e de melancolia eu entendo.
Não é melancolia toda essa melancolia que tenho por dentro: é amadurecimento, mesmo, amadurecimento profundo, do tipo raro, raríssimo, quase do tipo único, escasso, só meu..., meu e de pessoas como eu.

CASCAS DE SONHOS

Em toda cabeça humana há um ninho de sonhos, repleto de ovos intatos e fecundos, que fora abandonado.

ALÔ

Agora a pouco eu acabei de te ligar. Você não disse nada além de um vago e condicionado “alô”. Mas confesso que fiquei contente: eu precisava apenas do teu silêncio, teu silêncio e nada mais.

QUEBRA-CABEÇA

Já sei quais são as peças que se encaixam e as que jamais se encaixarão, mas ainda não é à hora certa de montar o quebra-cabeça... Por enquanto, pelo menos por enquanto, a mera observação já me satisfaz.

BAND-AID

Não houve vencedor nem perdedor. O que houve, de fato, como todo fim de relacionamento que se preze, foi o que saíra mais ileso e o que se ferira com maior intensidade. Mas nada que um bom Band-Aid no coração não resolva.

DECOEDIFIQUE-ME

Eu sei que quando eu escrevo, mesmo perturbadamente, você pode me ler. Então, por gentileza, decodifique-me, rápido, o mais veloz que puder.

RENÚNCIA

Há algo mais triste do que ter que se desfazer de algum sonho? Ultimamente tenho feito isso cotidianamente.

PROFECIA

Duas tragédias estão para acontecer: uma eu poderia evitar caso a outra fosse inevitável.

MAIS UMA CRÍTICA

Eu acho que às vezes a gente tem que acreditar em algumas mentirinhas, para se distrair, esquecer, apaziguar..., mas, convínhamos, a alfabetização construtivista é mentira demais para a vaga crença limitada do nosso país.

LÚDICO

Vamos brincar de machucar um ao outro? Pois bem..., continue em silêncio. Se continuares assim, o troféu irá para você.

HOLOFOTE COLORIDO

Preciso urgentemente descobrir em qual lugar fica “lá”, para que, enfim, quando chegar o dia da minha chegada, eu saiba finalmente à hora certa de gritar: olhem para mim, CHEGUEI!