quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

MACHUCADOS


Em memória de Jorge Amado.


Jamais aponte o dedo na cara da ferida-humana e diga “você é o culpado!”. Ora, como disse, é só uma ferida, quase sempre inflamada, putrificada, a jorrar pus na cara da gente.
Este teu dedo apontado, suponho que o indicador, impede-te de ver a gênese do machucado, as balas perdidas, os insultos achados, as pauladas pedagógicas ganhadas a troco de nada e o olhar frio e usurpador dos verdadeiros culpados.
Agora, que já sabes o outro lado da verdade – porque a verdade é multifacetada –, aprende, de uma vez por todas, e sem drama, que temos nossa parcela de culpa na produção de chagas-humanas.
Lembra-te, sempre que possível, sempre que a pós-modernidade esquecer de te engolir, que os ditos métodos corretivos aplicados pela “Justiça”, as casas de recuperação, os reformatórios e os abrigos de reclusão social nada mais são do que indústrias a fabricarem feridas-sociais das quais te falo.
Cuidado, muito cuidado com o teu dedo apontado. Não te esqueças, em hipótese alguma, que nada mais são do que feridas malogradas, não passam de reles machucados – às vezes putrificados, sujos, abandonados, ausentes de carinho, desconhecedores da compaixão, vítimas de seus próprios crimes praticados, mas sempre machucados. 

domingo, 16 de dezembro de 2012

SOBRE OS RÓTULOS


Bicho batizado
É bicho meio domado.
Fera nomeada
É fera 50% delicada.
Homem etiquetado
É homem condicionado.
Deus salve os rótulos!

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

ANAGLIPTOGRAFIA


Eu decodifiquei os hieróglifos de tua alma,
Li a mensagem subliminar de tuas taquicardias,
Recitei o grito embargado em teu pomo de adão
E soletrei tua cartilha libidinosa, com ousadia.

Eu cavalguei sobre teus sonhos infames,
Pisoteei o sagrado do teu lado profano,
Colhi teu fruto na estação imprópria
E brinquei com teu brinquedo ufano.

Eu penetrei na impermeabilidade da tua pele,
Regozijei-me do gozo que o gozo tem,
Brindei, com tua cicuta, os infortúnios da vida
E anteontem busquei-te no corpo de outrem.

Quase te achei no gemido de um guarulhense,
Mas faltou o quentume do teu olhar baiano,
Aliás, acho que é dele de quem sinto mais saudade:
Afinal, o que é o amor, senão uma vaga projeção do âmago humano?

terça-feira, 20 de novembro de 2012

ÉRAMOS QUATRO

Éramos quatro. Como podem duas míseras palavras pesar tanto? Não sei. O que sei é que éramos quatro, e formávamos uma espécie de quarteto acadêmico fantástico: Jéssica, a Alice anarquista; Jordana, a versão feminina do Johnny Depp; Cátia com “C”, a Gadú romerobritana; e, por fim, eu, o bebê da mamãe saramaguiano.

Bem..., na semana passada foram eliminadas duas integrantes do BBB CEU Ottawa: a Jé e a Jô. Ontem, para dilacerar ainda mais o meu pobre coração partido, foi a vez de a Catita dar adeus ao sonho de ler um milhão de livros, e assim, restou apenas eu... Ganhei o jogo? Não, ganhamos! Vamos à premiação...

A Alice me ensinou uma porção de coisas incríveis, entre elas preparar um coquetel molotov, a ideologia de Bakunin, as ideias de Lenin, Bourdieu, a filosofia da astronomia, as “lendas urbano-científicas” da região do Triângulo das Bermudas, a como me posicionar diante de um colóquio, a comemorar os infortúnios da vida e, o mais importante, a maior descoberta histórico-geográfica do milênio: ela achou Atlântida! Sim, a Atlântida, o continente perdido – heureca!

Nota de rodapé: eu estava ao lado dela no exato momento do achado continental, e só eu, apenas eu, dei crédito a sua descoberta milenar, bem como apoio psicológico a mais nova pedagoga-geográfica, pois, acredite: a Jô, no presente momento da descoberta, estava tirando fotos para a posteridade (a expressão “tirar fotos para a posteridade” ela aprendeu com o Che Guevara, no filme “Diarios de Motocicleta”), e a Cátia com “C”, com o seu senso de realidade estonteante, estava construindo um painel gigantesco (clique aqui para vê-lo) para a Escola da Família, tendo ainda a audácia de dizer, rindo, o que é pior, RINDO da pobre Jéssica: “filhinha, acorda, é só uma área submergida!”. Quase que as duas ingratas, Jordana e Cátia com “C”, demoveram a Alice da sua descoberta, mas as provas que ela dispõe são concretas e muito em breve as apresentará à humanidade, por hora segue com a parte burocrática de patenteação e demarcação territorial.

A Jéssica ainda me ensinou algo genial: a capital da Argentina não é Buenos Aires, como eu acreditava até certo tempo. Claro que não, nunca foi! Na verdade, é a fóvea. Sim, a fóvea! E lá, quer faça sol, quer faça chuva, sempre faz 15º.

Devo ainda relatar que, no que diz respeito ao meu “preateísmo”, a Jéssica tem uma parcela de culpa incomensurável, embora eu admita que o Saramago já vinha abrindo os meus olhos a algum tempo. Contudo, ressalto que ainda há muito mais coisas a aprender com ela, como, por exemplo, cantar o Hino da Rússia, em russo, claro!

No que tange à Jordana, esta, por sua vez, ensinou-me muitas coisas engraçadas, mas utilitárias: aprendi que se uma pessoa estiver entrando em coma alcoólico, tenho duas alternativas para socorrê-la: ou eu aplico a técnica do Yakult – infalível! – ou a terapia do banho com água gelada – esta é bem popular, por sinal, mas a Jô me ensinou a aperfeiçoá-la e jamais ceder aos pedidos de um bêbado, mesmo que este seja o meu melhor amigo.

Ensinou-me, também, a ter mais coragem, muita coragem, até porque para chamar um PM de fascista é necessário de duas, uma: ou ser corajoso ao extremo, o que pode ter implicações posteriores, ou possuir diagnóstico de esquizofrenia – no caso dela, só falta o laudo, risos.

Aprendi com ela, bem como também com a Jé, as técnicas essenciais – desnecessário dizer que imprescindíveis – de um bom e verdadeiro grevista, como confeccionar cartazes, fazer o CIL de ateliê, marchar durante horas, gritar em Brasília, quebrar muros, queimar barricadas, invadir a diretoria, ocupar o campus, pichar muros, chamar o reitor de incompetente, enfim, essas coisas básicas e singelas consequentes da experiência direta e ativa nas mais importantes greves universitárias nacionais.

Com a Cátia com “C” eu aprendi a cantar “Volevo un gatto nero”, “Tutto non fa te”, “Ti dico ciao”, “Speranza”...

Aprendi que ser flexível, na vida e no trabalho, às vezes é necessário; aprendi a fazer origamis, flores de papel crepom, desenhos vários... Aprendi que você pode melhorar sua didática em 3, 2, 1, já!

A Catita me ensinou os três passos para reconhecer um “muleke piranha”, e também me ensinou a rimar mesóclise com Camila, a “florir” relatórios de estágio, a gostar dos Piratas do Caribe e a produzir cartilhas alfabéticas em LIBRAS.

E o que ensinei a elas? Não sei, mas acho que conseguiram absorver alguma coisa de alfabetização, alguns conceitos básicos de neurociência (a caixinha das letras), método fônico, Capovilla, Instituto Alfa e Beto, Stanislas Dehaene, Newton Duarte, a sedução do discurso construtivista, minha postura “tradicional” e tantas outras coisas que não me recordo agora.

Aprenderam ainda, e isso é muito importante, que não se deve subestimar as mães, principalmente quando sorrimos para elas com dentes vampirescos (risos).

Sinto falta delas, mas sei que estão bem: a Alice provavelmente deve estar à procura do coelho branco, e já consigo até imaginar as suas bolsinhas salivais no momento em que ela o encontrar; A Jô, pós-modernismo em pessoa, ou, em suas próprias palavras, fenômeno contemporâneo, deve estar treinando uns novos passinhos de dança para competir com os seus amigos “psyleiros”; a Cátia com “C” possivelmente pode estar enfeitando sua árvore de natal gigante, com flocos de neve (CLARO!), e pensando em um novo trabalho (ÓBVIO!).

Sinto falta da Gadú, principalmente quando a Rita surge na porta, com seu sorriso macabro, afinal ela me fazia companhia quando a mãe da Otáwia (eu nunca vou me esquecer do dia em que a Rita “adotou” a pequena Otáwia) começava a nos contar as suas odisseias incríveis, incluindo os mistérios da Bolha (bolhas, bolhas, voltem, bolhas! Minhas bolhas!).

Na verdade, tudo o que aprendi se resume em poucas palavras, ei-las aqui presentes: AS PESSOAS SÃO UM LEQUE DE SURPRESAS.









14 de novembro de 2012                  

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

VASO VAZIO


NÃO                                NEGO
SINTO SAUDADES DE VOCÊ
SAUDADES SINTO
SINTO SAUDADES
SAUDADE DO TEU BEIJO
SAUDADE DO TEU DESEJO
SAUDADE DO TEU CALOR
SAUDADE DO TEU AMOR
DOS NOSSOS AMASSOS
DOS TEUS ABRAÇOS
SAUDADE QUE DÓI
E QUE MACHUCA
PORÉM AMIGO
NÃO MATA

terça-feira, 6 de novembro de 2012

SOBRE A MINHA SINCERA LOUCURA


As pessoas geralmente confundem loucura com sinceridade, se bem que ambas estão bem grudadas entre si, como gêmeas siamesas. Partindo desse pressuposto, para usar uma palavra mais acadêmica (a Cátia quem diga), concluo que devo mesmo ser louco, mas é uma loucura tão doce, mais tão doce, que chego a fazer careta...  

VERMELHO BRASILEIRO


Como pode uma bandeira verde, amarela e azul ser pintada com o vermelho?  

SOBRE A MINHA (DES)CRENÇA


Acredito no homem e busco o bem. Só. Se Deus é, mesmo que em sua essência divina, humano e benigno, creio n’Ele e reconheço sua suposta onipotência; caso contrário, afastem de mim essa pegajosa projeção do inconsciente.  

LIBERDADE CAPITALISTA


O homem é livre. O neoliberalismo é mais livre ainda.  

ESCREVER


Escrever é falar de si próprio por meio de personagens. É não ter sexo, só alma.  

MACHISMO

Cansei de ser a sua gracinha,
De ser o seu bebê,
Criança ou menino.
Cansei de ser o seu pequeno,
De ser o seu príncipe,
Rei ou anjinho.
Olha, quando vieres novamente,
Porque sei que você sempre vem,
Deixe atrás da porta, por gentileza,
O seu machismo camuflado de discrição,
E seja macho a ponto de me ver,
Pelo menos uma vez na vida,
Como um macho também.  

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

TERAPIA MERCIANA


"Dio salvami oggi oppure quando puoi,
Salvami dalla’amore quando vuoi.”
(Laura Pausini, in Troppo Tempo)

"Detalhes tão pequenos de nós dois,
São coisas muito grandes pra esquecer..."
(Roberto Carlos, in Detalhes)

"Quando eu soltar a minha voz, por favor, entenda,
É apenas o meu jeito de viver o que é amar."
(Gonzaguinha, in Sangrando)


Vai, Ado, levanta!
Levanta, desgraçado!
Levanta e aprende,
De uma vez por todas,
Que a queda é só uma maneira,
Desejaitada, é claro,
De seguir em frente.
Contente-se, Ado,
Nem tudo está perdido,
Assim como também nem tudo está ganhado:
Nesse jogo reina o improvisado.
Veja, Ado,
Hoje até o “Sistema” te estende a mão.
Olhe, lá adiante,
Quase atrás do horizonte,
Tá vendo?
É Piaget, só pode ser!
Apareceu para te dizer
Que essas coisas do coração,
Por incrível que pareça,
Também envolvem maturação.
Mature-se, Ado,
E desapegue-se do que em ti foi tatuado.
Há, dentro de você,
Uma força ainda desconhecida,
A mesma que escreveu “Coiote”, suponho,
A mesma que impulsiona corridas.
Corra, amigo,
O mais depressa que puder,
Porque o monstro é estático,
E está, em alguma esquina,
Esperando-te, parado.
Não pare, menino adultizado,
Cazuza já disse que ainda estão rolando os dados.
Os dados, Ado,
Estão por todos os lados!
Por todos os lados, Ado,
Há dados aguardando ser arremessados.
Arremesse-os com força,
É para isso que eles nos são dados.
Dê o melhor de si,
E o pior também, por que não?
Vai, ligue para a Ci;
Compartilhe sua dor com a Catita;
Mande um E-mail relatando tudo à Karol;
Desabafe com a Lisa;
Mima e Dessa te esperam no Facebook;
Lane e Déah daqui a pouco estarão on;
Babí está esperando sua ligação;
Bia sempre sabe confortar seu coração.
Chega de questionar Deus;
Esqueça, só por hoje,
As amarras do neoliberalismo;
Entenda que Perrenoud também é competente.
Afaste-se um pouco das teorias,
Mas, se conseguir, teorize a alegria
- Nostalgia, não!
Diga mais "sim",
Chame o Gui para irem ao Kabala;
Desligue os celulares;
Chega de ouvir “Giz”!;
Chega de rabiscar o sol que a chuva apagou!
Tome banho de chuva;
Brinque com a gravidade da gravidade dos fatos;
Acorde a criança que está desmaiada dentro de você.
Vai, leve o Jhone ao cinena;
Brinque de bonecas com a Lelê
- Chega de montar quebra-cabeças!
Escute Paula Moreno;
Releia “Quarto Minguante”;
Não ouça Bruno e Marrone.
Não, você não é um bom perdedor!
Lembre-se do que você dizia à leonina:
“Eu nunca perco!”
Nunca é muito tempo, querido...
Esqueça a metafísica;
Pule corda;
Vá ao Wet’n Wild neste domingo.
Sim, eu sei que dói.
Sim, sei que está doendo.
Sim, sei que perece que não vai passar.
Tudo passa, relacha,
Isso tudo é massa!
Dê tchau ao Newton Duarte;
Agradeça ao Bourdieu o que ele te ensinou;
E não se esqueça de que Marx era materialista.
Talvez Rousseau tinha razão,
Ou talvez não,
Mas nada disso importa.
Além do arco-íris os problemas têm gosto de bala de limão...
O construtivismo não é tem ruim como você supõe;
Teberosky também já leu Vygotsky.
Sim, hoje sairá mel da lua,
Mas todos os dias há luas de mel
- E isso não é amargo!
Olha, o Caio te deseja
Que seja doce. Bem doce.
Que seja doce, Ado,
Que seja doce!
Repita sete vezes, vai!
Ninguém pode aprisionar um dragão.
Um dragão jamais pertencerá a alguém.
Coiotes também se casam.
Pegue sua caixinha de humor,
Aquela para as grandes ocasiões,
E gargalhe de tudo isso,
Afinal hoje é um dia especial
- Inclusive para você.
Finja que os três anos que passaram juntos foi um curso,
Digamos que a Pedagogia do Desejo Proibido,
Contudo, é hora de se pós-graduar em Didática do Desapego.
Pegue tudo o que está sentigo agora,
Vá ao banheiro e dê descarga
- Sábia Mercia!
Vamos fazer tal terapia?
Vou contar até três:
No 1, você dirá o nome dele;
No 2, você desejará felicidades;
No 3, você dará descarga.
Vamos lá...
1...
Eu disse 1!
Vai!
1... an...
Não escutei,
Tem que falar alto.
Mais uma vez:
1... and...
Alto. Tem que ser alto!
Novamente:
1... ANDRÉ!
Isso!
2... Seja feliz!
Mais alto:
2... SEJA FELIZ!
Muito bem!
3... ... ... ... ... ...
Parabéns!
Viu como foi fácil?
A-CA-BOU!



sábado, 20 de outubro de 2012

DIÁRIO DE UM APAIXONADO


“Que seja infinito enquanto dure.”
(Vinicius de Moraes)

Ontem eu li um livro chamado “Diário de um Apaixonado: sintomas de um bem incurável”, do escritor Fabrício Carpinejar, o qual me deixou INDIGNADO. Ora, como ele pode se atrever a expor meus sentimentos sem ao menos pedir o meu consentimento?! Como pode estampar meu coração nas 79 páginas que compõe tal obra? E qual método analítico ele usou para afirmar os sintomas de um apaixonado? Será que a ciência explica?
Sim, estou me sentindo como um adolescente; sim, tenho perdido o apetite; sim, tenho andado no mundo da lua; sim, tenho transformado todos os passageiros do 731 em gestantes e idosos, e ofereço, todo contente, o meu assento; sim, não tenho conseguido concentrar minha atenção em tarefas que antes me eram triviais; sim, tenho me comovido com o modo como os cães labem as patas; sim, adquiri ultimamente a imaginação de um terreno baldio; sim, não venho consultando mais os dicionários; sim, tenho rido mais do que falado; sim, tenho acordado todo dia de ressaca, embora não tenha tomado nenhum pileque na noite anterior; sim, tenho jogado xadrez escutando Paula Fernandes; sim, meu Portinari está quase pela metade, e não faz mais que dois meses que o ganhei da minha mãe; sim, tenho inventado apelidos rídiculos; sim, tenho dado atenção a coisas que antes eu julgava fúteis; sim, escolhi um poema do Moraes que me traduz (Soneto de Fidelidade); sim, não tenho me secado ao sair do banheiro; sim, vivo me precipitando; sim, sim, sim... MIL VEZES SIM! Mas isso não quer dizer que esteja apaixonado, não é mesmo? “Sei lá... Sei lá...”, como diz a canção, “só sei que é preciso paixão...”, né, Toquinho? Né, Vinicius?
Apesar de todas as evidências, não sei, ao certo, se concordo com o autor, mas penso que ele ao menos deveria ter me pedido permissão para pulblicar meus sentimentos, tão voláteis e, ao mesmo tempo, tão intensos... Tão intensos, Carpinejar, tão intensos!


terça-feira, 16 de outubro de 2012

INCENTIVO


Dedico este poema à Cátia  com "C".

Ler é a arte de decodificar mundos,
É cobrir, descobrir e redescobrir você,
Porque também somos feitos de palavras:
–  “Façamos o homem!”, e o homem se fez.

Criar galáxias,
Multiplicar estrelas,
Repintar problemas,
Tudo isso dentro do
Era uma vez...

Era uma vez:
Chave mágica que abre
Os portões colossais da infância;
Três palavras,
Três palavras somente,
Que dão superpoderes
Aos adultos e às crianças.

Por isso, agora,
Para criar uma nova história,
Apropriar-me-ei de tal magia,
E construirei um reino,
Com apenas três palavras,
De princesas, fadas e reis.

Gostaria de me ajudar nesta tarefa?
Pois bem..., veja como é simples:
ERA UMA VEZ...
Pronto, já fiz minha parte:
Agora é a sua vez...

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

PTeria


Quatro anjos lavaram o CÉU,
Retire o acento, por favor,
Porque a Estrela vai caminhar
Sobre as nunvens de cimento.

terça-feira, 2 de outubro de 2012

SOBRE O MEU SORRISO


Não estranheis o sorriso cínico que estaparam em meus lábios, a culpa é dos meus olhos, só dos meus olhos: eles viram aquilo que não se pode ver.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

FÊNIX


Todo ser humano tem uma fênix dentro de si. Senhor, em que lugar foi parar a minha?!

SOBRE A CEGUEIRA PEDAGÓGICA


O que os “construtivistas” precisam é de cenoura, bastante cenoura: esta cegueira diático-pedagógica só pode ser fruto de carências nutritivas: Vitamina A neles!

EU E O CRISTO


Estou decepcionado com a educação, com a política (partidária, ou não), com a humanidade, sociedade e até mesmo com Deus – principalmente com Deus, porque, teoricamente, podendo fazer tudo, nada faz. Contudo, a certeza indubitável do amor do Cristo, o mais sublime de todos os seres, inclusive mais ainda do que o Seu Pai, faz-me continuar mesmo em meio a todas essas decepções, porque, quando penso em tudo isso, parece que O ouço dizendo: “calma, tudo vai passar”.
Não tenho certeza de que existo por causa de Deus, mas não há dúvidas de que vivo pelo Cristo, até porque foi também por mim que o mais perfeito de todos os seres morreu. Portanto, peguem seus discursos religiosos-apológicos e desapareçam da minha frente, porque já não mais permito que me separem d’Ele.

AMÉM 2


Há tantas coisas ocultas dentro do “seja feita a Tua vontade, amém”!

sábado, 29 de setembro de 2012

ENTRE A CANETA E A ENXADA


Por muito tempo pensei que a enxada pesava mais que a caneta, e enganava-me ao negar o fato, fisicamente impossível, de que a caneta, por ser mais leve, pesa mais que a enxada. Hoje não mais me engano. Mas sei que o peso que casamenteia a enxada com a terra sustenta a relação extraconjugal entre o luxo e a caneta, embora o coração daqueles que erguem a caneta não reconheça a cálida nobreza que brota das mãos calejadas que seguram a enxada.
Entre os limites que separam o Nordeste e Brasília há muito mais que linhas superficiais traçadas e “pixelizadas nos GPSs e nos mapas: há canetas, enxadas, salas climatizadas no Planalto e o suor escaldante que nasce dos trinta e oito graus Celsius do sertão e da chapada.
A caneta ceifa florestas, capina sonhos e pavimenta a hierarquização. A enxada escreve palavras, descreve veredictos e prescreve a sua própria condição. O suor pinta o PIB, desenha estatísticas e colore a bandeira. A bandeira ornamenta o Senado, a Câmara dos Deputados e a televisão brasileira. O retorno de Collor à política mostra as cores dos mandachuvas. O Nordeste precisa de chuva. Brasília lava roupas-sujas na CPI do Cachoeira.
Há uma linha tênue, não localizada pela rosa dos ventos, que separa a concretude do voto do ilusionismo da urna eletrônica. Há traços indeléveis, invisíveis à cartografia, que apartam emblemas políticos de políticas públicas.
O povo clama. Os clamores reclamam. Os mais otimistas se atiram no precipício da ilusão. Escândalos políticos vêm à tona. Com o tempo, a mídia abafa. Denúncias de corrupção dão lugar aos holofotes do Criança Esperança. Crianças esperam os afagos sinceros dos candidatos à eleição. Mais uma criação do Bolsa-Sei-Lá-O-Quê ganha repercussão na pauta da ONU. Manchetes salientam: país rico é país sem pobreza. Suposta epidemia de osteoporose, desconhecida até o momento pela comunidade ortopédica, invade a Explanada dos Ministérios e derruba ministros. Políticos prometem.
Conferências não dão em nada. Promessas também não. Quantas mentirinhas serão contadas na Comissão da Verdade? Finalmente o lema progressista está desordenado. A minha pobre lógica pergunta: onde foi parar a ordem e o progresso além de no centro da bandeira hasteada no Congresso? O Yahoo! e o Google não a responde. O parlamento também não.
Mas com a mão sobre o peito esquerdo – a mesma que segura a caneta, assina vidas e assassina papéis –, tudo fica bem no final, já que as lágrimas rolam ao entoarem, todos juntos e em tom patriótico, o Hino Nacional. E depois do salve, salve, blá-blá-blá, (...) pátria amada, Brasil!, eles enxugam as lágrimas, batem palmas – comemorando, talvez, mais uma vitória hereditária – e tudo volta ao seu normal. Quanto às leis da física e da gravidade que regem a política, resta-nos, como esquiva patológica e conformista, darmos risada: como pode a caneta pesar mais que a enxada?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

SOBRE O ATEÍSMO


Nenhum ser humano chega ao ateímos à toa, muito menos em um breve estalar de dedos...

CAFEZINHO DIVINO


Se eu fosse Deus, O Onipotente, eu acabaria com a raça humana de uma só vez, e não em suaves prestações como narra as Escrituras. Poria o ponto final agora mesmo, sem hesitação, concluindo, pois, com apenas um simples pingo de sangue (O Deus bíblico adora escrever com letras de sangue!) a história de “teo-rror” cuja introdução já se apresenta de forma catastrófica.
Sim, extinguiria todos os homens, SOBRETUDO OS HOMENS, do modo mais rápido possível, mas sem necessariamente fragelá-los nem queimá-los em um lago de fogo, como assombra o tão assustador Apocalipse.
Talvez o Senhor dos Exércitos até pudesse execultar essa minha ideia “satânica” com tamanha perfeição, mas quem O servirá café quando Este terminar de construir a morada celestial dos seus? Eis a questão...

ERRATA BÍBLICA


Onde está escrito “ENSINA o teu filho O caminho em que ele deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Provérbios 22:6), lê-se “CONDICIONA o teu filho NO caminho em que CRÊS que ele deve andar, e, ainda quando for velho, não se desviará dele” (Behaviorismo 22:6).

sábado, 15 de setembro de 2012

MENTIRINHA


Segundo Mario Quintana, a mentira é uma verdade que se esqueceu de acontecer. Partindo desta premissa, indago: quantas verdades com amnésia há dentro da nossa sociedade?

AUTORRETRATO


Um louco que julga a insanidade alheia: é assim que me vejo.

SONHANDO UTOPIAS


Os meus sonho são tão grandes, mais tão grandes, que os batizaram de utopias.
A nomenclatura não importa; sei disso porque, tanto fazia se eu me chamasse Eduardo, Pedro, Antenor ou André: seria o mesmo, sempre eu mesmo, apenas com outro nome presente em meus documentos, mas continuaria a defender meus ideais e sonhando minhas utopias.
Shakespeare já disse que aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, exalaria o mesmo perfume. Pois bem..., a fragrância dos meus sonhos pode até cheirar à utopia, mas nem por isso deixam de ser sonhos. 

SOBRE OS TEXTOS "CARTILHESCOS"


É preciso respeitar, Edvaldo, a realidade sócio-cultural dos intelectuais construtivistas. Possivelmente, jamais viram um boi em processo de ruminação, por isso não sabem que o mesmo baba.
Ao meu ver, é tolice dizer que um texto “cartilhesco” não é um texto real. E que PORRA* é, então?



*NOTA DE RODAPÉ: porra, dentro da realidade sócio-cultural na qual fui criado, não é uma palavra restrita a um dado significado obsceno, mas também uma interjeição aplicada a diversos contextos sociais. 

CEGUEIRA PEDAGÓGICA


Criança-pobre aguenta não-sei-quantos dias sem comida, frio, desidratação e resiste até 4 horas de espera na fila do SUS... Só não suporta que o “mediador” corrija suas “hipóteses de escrita", porque TRAUMATIZA.
O ideário construtivista está destruindo a educação formal e ninguém vê: é..., faz parte do processo pedagógico rumo à cegueira.

SEGREDO


Se você sabe de algo e quer que fulano ou fulana também saiba, é só contar a alguém próximo dele ou dela e pedir segredo. Este é o segredo: SOBRETUDO pedir segredo.

INCONSTÂNCIA


Se hoje ele é “SEU”, aproveite-o: amanhã ele pode ser de ou... tro ou tra? Nem ele mesmo sabe. 

PEDIDO DE SILÊNCIO


Falem um pouco mais baixo, por favor: o silêncio de vocês me impede de ouvir o mudo-louco ali da frente. 

ATEMPORAL


Às vezes me encontro no Século XVIII, outras no XXIV: Senhor, como é difícil viver no Século XXI!

SEM ESTILO


Eu não tenho estilo literário: sinto dor e exalo criticidade. Só.

SEM NOME


Poetizo mas não sou poeta;
Professo mas não sou professor;
Crio teses mas longe de mim ser teórico;
Amo a dor mas não sou amador.
Quem eu sou?
O que eu sou ainda não existe!

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

KKKKK


Igreja da Graça... Só rindo mesmo! 

PIAGET X FILOSOFIA: EU X CONSTRUTIVISMO


Piaget chamou a filosofia de demônio; é uma pena eu discordar de tal definição, caso contrário poderia chamar o construtivismo de filosofia. 

PALAVRA-GERADORA


Partamos da palavra-geradora: HI-PO-CRI-SI-A.

CHARADA


O que é, o que é? Considera-se uma coruja, mas não é ave; tem nariz vermelho, mas não é palhaço; repete tudo o que escuta, mas não é papagaio...

R: Um estudante de circo-pedagogia.

7 DE SETEMBRO


O povo do meu país apanha do sistema durante todo o ano, mas há um dia, o Dia da Amnésia, em que, misteriosamente, esquece-se das taxas abusivas dos impostos e da ditadura democrática neoliberal. E o povo, inocentemente, vai ao centro das cidades para erguerem um pedaço de pano verde e amarelo de enaltecimento à pátria, como se tal ato, milagrosamente, alterasse a inalterável realidade social. NÃO ALTERA EM NADA!
Amanhã, quando tudo passar, os garis, ao varrerem a panfletagem nacionalista das ruas, serão os primeiros a perceberem que tudo continua o mesmo, que nada se alterou. E assim, tudo volta ao seu normal... E isso é tão normal! Viva o Brasil!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

SENTENÇA


Se é mesmo verdade que o meio molda o homem, devo estar fadado a uma supérflua intelectualidade.

AMÉM


Minha maior alegria é saber que vou para o inferno por amar um homem e uma mulher. Isto é tão confortante e tão previsível!
Parece que no céu não se pode amar diferente; há um padrão, um manual, uma cartilha bíblica a ser seguida à risca. Gosto de cartilhas e de organização, mas repudio a autocastração.
Se é só no inferno que se pode amar do modo que sinto, então, sinto muito mamãe, papai e sociedade, porque deve ser para lá que eu vou...

FELICIDADE


Para mim a felicidade só faz sentido se for coletiva: felicidade individual é egoísmo camuflado.

GRITO


“Porque há o direito ao grito. Então eu grito.”
Clarice Lispector

Eu não falo para eu ser notado, eu falo é para eu não ser complacente. Em determinadas ocasiões, mesmo que involuntário, o silêncio é braço direito da complacência.
Às vezes se faz necessário bradar o nosso próprio grito, não o de independência, mas o de liberdade.

domingo, 26 de agosto de 2012

CORROMPENDO-ME


A hipocrisia construtivista pode até corromper a minha escrita, mas jamais as minhas ideias e a minha práxis.
Escrevo, numa boa, o que os letrados da Magda querem ler, e minha escrita fica tão hipócrita que eles acabam acreditando. Por que será, hein?
Minhas palavras ferradas de fúria, por não ter recebido educação pública de qualidade, jamais serão moldados por Ferreiro.
Psicogênese da Língua Escrita, Alfabetização e Letramento, Reflexões Sobre a Alfabetização, Alfabetizando Sem o bá-bé-bi-bó-bu: literaturas shakespearianas?  PREFIRO SARAMAGO!
Meu léxico pedagógico está sujeito a mutações, mas sempre haverá uma frase de Jorge Amado pronta para escorregar da minha língua e ir em direção aos ouvidos dos piagetianos.
Por hora me calo, mas dentro de mim há quatro palavras, as quais já foram popularizadas pelo povo brasileiro, e se um dia eu regressar à fase anal, mesmo que Freud não explique, eu falo. Ah se falo...!

A ESCOLA DOS MEUS SONHOS

Eu sonho com uma escola real, sem fantasias, slogans e hipocrisia, na qual não se negligencie o conhecimento, e a informação, como em uma espécie de recheio para bolo, seja apenas o complemento.
Eu sonho com uma escola que leve a sério a alfabetização, que seja organizada e sistemática, e que cada indivíduo, que a compõe, desempenhe sua verdadeira função.
Eu procuro uma escola na qual ensinar e transmitir não seja sinônimo de ditadura, e os processos de codificação e decodificação sejam entendidos como necessários a uma eficiente formação.
Eu sonho com uma escola na qual o boi possa naturalmente babar – e não ser condicionado a cuspir. Um lugar onde Eva e Ivo possam finalmente verem as benditas uvas – e não, apenas, “construírem conhecimento” a partir da realidade cultural e socioeconômica local.
Eu sonho com uma escola que adote métodos cientificamente comprovados como indispensáveis durante a escolarização, e que o senso comum não assassine a didática nem a gramática, um lugar onde dois mais dois será sempre quatro, na matemática.
Eu procuro uma escola que respeite as diferenças sem as igualar, porque, a meu ver, isso não é inclusão.
Eu quero trabalhar em uma escola que seja verdadeiramente uma escola, e não uma legolândia* de eternas cirandas.
Eu sonho com o dia em que meus pés cruzarão os portões desta escola, e aí, sim, terei orgulho de minha profissão, porque finalmente os projetos hão de sair dos papéis – eternos cordéis.
Tentarei, até o fim da minha vida, levar essa escola ao acesso de todos; tirá-la, à força, das instâncias dos meus sonhos e trazê-la à realidade, verdade! E se essa escola, da qual lhe falo agora, vier a ser rotulada de mecanicista ou tradicional, eu não me importarei, porque mais mecânico é o discurso tradicional de rotulação.
Construirei, do modo como sei, a escola dos meus sonhos.


* Termo criado por minha amiga, Lisa Nobre Ledo, também estudante de pedagogia e defensora do método fônico de alfabetização.

VALSA


Gosto de olhar dentro dos olhos dos homens,
Bem lá dentro,
Bem no fundo,
Em uma região que,
De tão escura,
Chego a chamar pela minha a mãe.
Mas é lá,
É lá que estão
O bem e o mal dançando valsa,
Juntos.

sexta-feira, 10 de agosto de 2012

PROVOC AÇÕES


O lema da pedagogia contemporânea do Brasil é, inquestionavelmente, “fazer a diferença”, e o seu grito de guerra, tão cômico quanto os filmes de Charles Chaplin, é o tão famoso “educar para a vida”. O que mais se escuta, dentro de uma sala de aula do curso em questão, são pessoas repetindo, de forma eloquente, tais frases, levando-me a crer que são bandos de papagaios “acorujados”, condicionados por um método pavloviano, que vivem a chalrear chorumelas. Agora eu pergunto: o que significa fazer a diferença? Fazer o que todo mundo faz? Repetir, de modo irracional, a irracionalidade construtivista? Imitar, o mais original possível, Ferreiro e Teberosky? E educar para a vida? Qual o significado real de tal enigma?
Ora, batizaram-me, carinhosamente, de crítico e prepotente, mas há maior prepotência do que “educar para a vida”? É claro que é a vida quem nos educa, e não o contrário, de acordo com as exigências do meio social no qual estamos inseridos.
Portanto, cuidado com os chavões pedagógicos que tanto têm nos enganado: eles não vão nos levar a lugar algum, a não ser, é óbvio, à mediocridade de um ensino cada vez mais fragmentado e desarticulado, mediocridade esta que vem sendo refletida nas avaliações educacionais, tanto em nível nacional quanto internacional, das quais a educação pública brasileira tem participado.
Para fechar com chave de ouro só falta os construtivistas dizerem que têm diploma da vida.