domingo, 26 de fevereiro de 2012

COTIDIANO


Hoje eu acordei meio Cazuza: bem exagerado, mesmo. Trinta minutos depois eu já era o Caetano Veloso, fazendo saudações à Sampa e ao leãozinho. Em seguida já era Renato Russo, querendo colo e pensando em fugir de casa. Depois foi a vez de me transformar em Tiziano Ferro, também, imbranato como sou, não poderia ser outro. Pouco mais tarde engoli meu orgulho, já que odeio o inglês, e virei o James Blunt, e claro, cometendo the same mistake de sempre. Cinco minutos depois eu já era o Chano Moreno Charpentier, cantando Arruinarse e querendo ver el brillo de tus ojos rojos. Depois vieram os teóricos: primeiro, como já era de se esperar, Sigmund Freud, com suas geniais teorias sobre a estrutura do aparelho psíquico. Piaget também não ficara de fora, e por um segundo eu quase compreendi o diacho de sua epistemologia genética. Pouco depois eu já era uma mistura homogênea de Vygotsky, Wallon e Reich, e foi nessa hora que eu interagi afetivamente comigo mesmo e me dei conta da minha potência orgástica. Onze minutos depois eu já era o Capovilla, mas não entendia nada de dislexia nem da neuropsicolinguistica cognitiva, apenas do método fônico e um pouco de libras. Logo em seguida foi a vez de Skinner e Pavlov, e me pus a condicionar tudo o que estava ao meu redor, exceto meu coração –  este já nascera condicionado a se apaixonar por quem não presta. Por volta do meio dia vieram os escritores: de Caio Fernando a Fernando Pessoa, da pessoa do Paulo Coelho ao coelho fabuloso de Lewis Carroll. Também interpretei Sartre, citei Nietzsche e Voltaire, e cheguei a sentir o pulsar do coração delator de Edgar Allan Poe ao ver os olhos que fitaram Kafka quando este era ponte e despencava no abismo. Às três da tarde sentei no tapete de minha sala e, com um pincel grosso na mão, pintei a Monalisa em estilo cubista, Viva La Vida em cores barrocas e a Capela Sistina em traços abstratos e em tons fauvistas. Por fim, vieram os (as) maiores revolucionários (as) que prezo: de Harvey Milk a Martinho Lutero, de Nelson Mandela a Jesus Cristo, de Olga Benário a Joana D’Arc. MEU DEUS!, COMO O DIA É REALMENTE GRANDE!

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