sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

TEMOR DE PAI

   A pior coisa que se pode fazer a um poeta é desprezar os seus poemas.
   Os poemas são filhos que a vida nos dá e que, sem saber direito quando e por que, eles alcançam a maioridade; outros se autoemancipam e saem pelo mundo como filhos pródigos, e quando voltam para casa, os pais os recebem e dão uma grande festa em comemoração.
   O meu coração de pai já está começando a sentir que à hora inevitável, a da partida, está se aproximando.
   Os meus filhos estão crescendo, evoluindo gradativamente. Sei disso por causa da voz deles, que está começando a engrossar, e da postura corpórea. O crescimento dos meus filhos me deixa feliz e, ao mesmo tempo, me preocupa, pois ainda não sei como o mundo irá recebê-los nem sei onde serão capazes de adentrar.
   Se for ao coração do homem, bem..., essa possibilidade também pode ser perigosa, ou talvez não. Talvez seja a minha inútil preocupação de pai – dessas preocupações que não nos leva a lugar algum, a não ser a uma profunda depressão.
   Os meus filhos estão crescendo, mas eu não devo me preocupar, pois lhes dei a melhor educação que um pai pode dar: criei-os livres, autônomos, e assim se tornaram críticos – e poemas críticos o mundo não pode amaldiçoar.
   – Cresçam! Meus poemas! Cresçam! E depois venham visitar este velho pai – que não é tão velho assim – para que aquela grande festa eu possa dar.

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