Eu sonho com
uma escola real, sem fantasias, slogans
e hipocrisia, na qual não se negligencie o conhecimento, e a informação, como
em uma espécie de recheio para bolo, seja apenas o complemento.
Eu sonho com
uma escola que leve a sério a alfabetização, que seja organizada e sistemática,
e que cada indivíduo, que a compõe, desempenhe sua verdadeira função.
Eu procuro
uma escola na qual ensinar e transmitir não seja sinônimo de ditadura, e os
processos de codificação e decodificação sejam entendidos como necessários a
uma eficiente formação.
Eu sonho com
uma escola na qual o boi possa naturalmente babar – e não ser condicionado a
cuspir. Um lugar onde Eva e Ivo possam finalmente verem as benditas uvas – e
não, apenas, “construírem conhecimento” a partir da realidade cultural e
socioeconômica local.
Eu sonho com
uma escola que adote métodos cientificamente comprovados como indispensáveis durante
a escolarização, e que o senso comum não assassine a didática nem a gramática,
um lugar onde dois mais dois será sempre quatro, na matemática.
Eu procuro
uma escola que respeite as diferenças sem as igualar, porque, a meu ver, isso não
é inclusão.
Eu quero
trabalhar em uma escola que seja verdadeiramente uma escola, e não uma
legolândia* de eternas cirandas.
Eu sonho com
o dia em que meus pés cruzarão os portões desta escola, e aí, sim, terei
orgulho de minha profissão, porque finalmente os projetos hão de sair dos papéis
– eternos cordéis.
Tentarei,
até o fim da minha vida, levar essa escola ao acesso de todos; tirá-la, à
força, das instâncias dos meus sonhos e trazê-la à realidade, verdade! E se
essa escola, da qual lhe falo agora, vier a ser rotulada de mecanicista ou
tradicional, eu não me importarei, porque mais mecânico é o discurso tradicional
de rotulação.
Construirei,
do modo como sei, a escola dos meus sonhos.
* Termo criado por minha amiga, Lisa Nobre Ledo, também
estudante de pedagogia e defensora do método fônico de alfabetização.
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