sexta-feira, 1 de junho de 2012

PEDRAGOGIA


Depois de tanto tempo parado, volto a escrever. E assim executando este meu hábito diário, percebo que as minhas palavras estão mais pesadas do que nunca.
Não vos deixeis, entretanto, levar-se pelos meus pensamentos pedregosos – eles são assim: duros feito pedra.
Não vos aceiteis, em hipótese alguma, que a dureza do meu coração impeça-lhes de enxergar o que há de bom nele: as pedras.
Não vos entristeça, mesmo se isso ocorrer no mais triste de todos os dias tristes, se os meus poemas resolverem petrificar o vosso coração: eles nasceram das pedras.
Não estranheis se, por acaso, as minhas críticas lhes parecerem demasiada duras a ponto de te machucar: elas foram fecundadas no útero de pedra dos meus poemas.
         Não espantei-vos quando lhes digo que faço PEDRAGOGIA: é que o trocadilho condiz tão bem com o meu curso, que eu resolvi rebatizá-lo assim.
         E assim sempre foi a minha vida: pedras para lá, pedras para cá; escalando montanhas de pedras, deixando que as pedras me escalassem; conversando com algumas aqui, escutando outras acolá. E no silêncio das pedras, aprendi a escutar as suas vozes que insistem em me dizer:
         – Seja duro, forte e firme.
         Entretanto, elas nem sempre são sinônimos de fortaleza: até mesmo as pedras choram no silêncio da noite.

Um comentário:

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