sábado, 2 de junho de 2012

BACHEM

O tempo passou...
Já não somos os mesmos,
Nem temos mais catorze anos,
Nem estamos mais na oitava série.
Como um vento que leva tudo o que é leve,
O tempo levou nossos brinquedos,
Teus beijos, teu toque, teu calor, tu.
Havia mesmo a necessidade de ele levar-te?
(pergunta insolúvel!)
A gente brincava com o tempo,
Com o cronômetro e com os relógios,
Hoje eles brincam conosco
– Desculpe-me, quis dizer comigo.
Não existe mais nós,
Nem o sonho adolescente de montar o nosso próprio condomínio,
Também não existe a possibilidade de conversarmos sobre isso.
A sensação que tenho é a de que te troquei por Piaget,
Ou quem sabe Capovilla.
Hoje eu tenho a promessa de um salário razoável,
A possibilidade futura de inserir, antes do início do meu nome,
Duas letras, Ms. ou Dr., o que não mudará nada em mim,
Ou ainda, se eu tiver muita sorte e muita determinação,
Inserir, ao final do meu nome, três letras: ph.D. – meu objetivo, é claro!
E tu, o que tens além de possibilidades?
Que tolo, eu: o passado, em si, não responde!
Hoje eu daria tudo, tudo,
Só para te teres aqui ao meu lado.
Renunciaria tudo, tudo,
Se ao menos possuísse a mísera sensação de possuir-te.
Estou com tanta saudade, mais com tanta saudade,
Que eu abandonaria tudo, tudo,
Se tu me ligasses e dissesses “vem!”.
Eu iria, não pensaria nem uma nem duas vezes,
Deixaria tudo para trás:
TCC, método fônico, graduação, lato sensu, stricto sensu, ph.D
– em exceção, apenas, a afetividade defendida por Wallon.
E eu sei que eu me arrependeria,
Mas se tu me chamasses, hoje eu iria
– como nos tempos do Fundamental.
Ainda recordo – e como esquecer? –,
As nossas taquicardias, os nossos passos, o caminho da minha casa à sua.
Tu ias sempre à frente, com a chave na mão,
E a euforia era tanta que ficavas, compulsivamente, a balançar aquela chave,
Como um hiperativo – comparação, por sinal, perfeita!
Eu ia atrás, como um cachorrinho, porém arquitetando tudo,
Bolando posições e roteiros corporais,
Como um bom criativo que sempre fui.
Tu abrias o portão e eu o trancava:
Pronto, o mundo dos prazeres estava aberto.
Será que ainda poderemos, Peter, encontrar o nosso Mundo Perdido?
Nuestro amor es la isla¹ – será?
Siempre todo as escondidas, siempre mirando atrás.
O tempo passou...
O passado às vezes se faz presente...
O futuro é incerto demais.
O tempo passou...
Já não somos mais os mesmos...
Orgasmos por orgasmos talvez já não valham mais a pena,
Embora fossem a moeda mais justa que tínhamos.
Estou com tanta saudade, mais com tanta saudade,
Que não sei como explicar.
Por favor, não me ligue:
Pela beleza do nosso passado,
Seria capaz de abdicar a (in)certa estabilidade de meu futuro.

¹Obk, Falsa Moral.

2 comentários:

  1. Ou Edvaldo!
    Adorei seu comentário, muito obrigada!
    Preciso ficar mais ativa no meu blog, como era antigamente, mas falta tempo e inspiração...
    Adorei o seu blog tbm, a vc não falta inspiração, rs. Parabens!
    Virei te visitar sempre.
    Abraços

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    Respostas
    1. Olá, Marcela, que alegria "receber-te" em meu blog.
      Estou muito contente, mesmo. Fique à vontade.
      Também acompanharei o seu blog sempre que eu puder.
      Obrigado pela visita.
      Escreva sempre que puder, a escrita é poderosíssima, capaz de coisas inimagináveis.
      Abraços.

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