sábado, 12 de janeiro de 2013

ÍCARO

Dedico este poema à Neta.
 Em memória de Ícaro. 



Através da janela eu via, ouvia, sentia.
Através da janela eu olhava, observava, chorava.
Através da janela eu sentia, compreendia, sofria.
Através da janela eu calava, arfava, orava.

Lavei-a com minhas lágrimas naquele dia,
Depois a sequei com o meu silêncio que falava,
E ele falava de uma louca chamada Nostalgia
Que fugira do manicômio que a atormentava.

Que triste destino é o dela que morrendo, vivia;
Bem parecido com o da mãe que em silêncio, gritava.
Sim, ela gritava para não escutar o silêncio que a afligia,
E o seu grito mudo, não tão mudo assim, me incomodava.

Através da janela as suas lágrimas me entristeciam;
Aquelas lágrimas de mãe órfã era um banho que a vida lhe dava.
Mas desse banho ninguém quer tomar, ela também não queria,
Mas a vida não lhe perguntou se queria, e no mar de lágrimas ela mergulhava.

Sem querer, mergulhei também em seu dilúvio por muitos e muitos dias,
E naquela chuva de lágrimas eu vi que a sua dor aos poucos se amenizava,
E quando passa a chuva, logo nasce um arco-íris trazendo de volta a alegria,
Uma alegria diferente da que já provara, mas isso aos poucos lhe confortava.

Nunca mais tornei a passar por aquela triste janela,
Que me serviu de óculos para a minha miopia,
Mas sei que o sal dos meus olhos de solidificou nela
E ainda traz marcas daquele marcável dia.

E aqui estou eu trazendo-lhe minha poesia,
A qual não sabe um terço do que a vida lhe fez passar,
Mas abrace-a como o seu filho lhe abraçaria,
Com um daqueles abraços que só os filhos sabem dar.

2 comentários:

  1. Fala

    Cátia diz :
    -Ed para quem
    Ed responde :
    -Para um garoto com leucemia

    E um Silencio Invadiu o ambiente mais improvável...

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Assim que eu ler o seu comentário, responderei-o imediatamente. Grato pelo carinho.