segunda-feira, 16 de julho de 2012

SOBRE O CÉU E O INFERNO


“Religião é uma coisa excelente para manter as pessoas comuns quietas.”
— Napoleão Bonaparte

Em minha opinião mais de 90% dos crentes, hoje em dia, não são cristãos, são apenas pessoas ingênuas que temem desesperadamente o inferno e que sonham com a imagem de um paraíso que, por interesse pessoal, lhes pertence. Dos 10% restante, menos de 1% podem ser considerados, literalmente falando, protestantes. Contudo, acredito que quase 100% desses crentes, que se julgam cristãos, bem como também um número incalculável de católicos, protestam, de forma irracional e desumana, contra os direitos daqueles que não se enquadram no perfil bíblico vigente.
Ultimamente tenho pensado muito em questões como estas, e, não sei se por causa de uma aparente mutação cética que descobrir existir dentro de mim, ou se por conta de questões que ainda não compreendo, cheguei à conclusão – e que Deus me perdoei pelo que eu vou dizer – de que não quero passar a eternidade tocando harpa lá no céu.
Na verdade parece até heresia e blasfêmia, e talvez até seja, mas acho que sou muito ruim, ou bom demais, para me ocupar de um cargo tão angelical. Não! Não quero ficar no céu tocando harpa e cantando no coral dos anjinhos e das beatas de língua ferina.
Não sei, também, se quero ir para o inferno, mas penso que se for a única saída, talvez, assim como transformamos a Terra em um espécie de inferno mais evoluído, possamos (eu e quem para lá formos) transformar também, depois de milênios de civilização, o inferno em uma espécie mais caliente de Terra – exceto as larvas de fogo e o odor do enxofre, creio que não há mudanças drásticas separando um do outro: demônios existem em todos os lugares, até mesmo no céu morava um, conforme afirma as Escrituras.
Entretanto, se Deus me concedesse a primazia de me dar alguns livros para eu lê-los lá na Nova Jerusalém, quem sabe eu até quisesse ir morar no Paraíso. Contudo, creio que o Criador não gosta do meu gosto literário, mas quanto a isto estamos quites: também não gosto de algumas passagens da Bíblia, principalmente o abominável livro de Levítico – o qual, por mais que eu tente, não consigo compreender como Ele permitiu tal publicação, Poderia, caso quisesse, censurá-lo, mas não o fez, todavia é possível que Tenha seguido o princípio de Caeiro: “deve haver muita cousa, para termos muito que ver e ouvir”, ou quiçá seja por causa do chamado livre-arbítrio, que de livre só tem o nome.
Ainda, em hipótese, se Jeová me desse uma sala de aula no céu – não precisava ser grande, já que, segundo I Coríntios 6:9, quase ninguém entrará em Seu reino –, talvez eu desejasse acampar-me em Seu recinto sagrado, caso a minha didática fosse aprovada, claro! Porém, como sei que o Senhor não me deixará lecionar, em Sua universidade, a vida e as obras de Nietzsche, Saramago, Sartre, Marx, Freud, Reich, Feuerbach, provavelmente é melhor eu ir me acostumando com a ideia do lago de fogo e cantar, como fez Bon Scott: Living easy, livin' free (Vivendo fácil, vivendo livre) / Season ticket, on a one, way ride (Em rumo a uma estrada de mão única) / (...) Going down, party time (Partindo, é hora da festa) / My friends are gonna be there tôo (Meus amigos também vão estar lá) / (...) I'm on my way to the promise land (Estou no meu caminho para a terra prometida).

2 comentários:

Assim que eu ler o seu comentário, responderei-o imediatamente. Grato pelo carinho.